"não sou um intelectual, escrevo com o corpo."
Clarice Lispector

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Yes! We Can!

Percy Jackson e o Ladrão de Raios
Percy Jackson & the Olympians: The Lightning Thief
EUA, 2010

Então, lá fui eu pro cinema, com mil filmes que eu super queria ver, ver exatamente o que pouco me interessava (aniversário do irmão mais novo é o contexto). E para a minha grande surpresa, oi? Não perdi o dinheiro do meu ingresso não!
 
Achei muito divertido. De verdade. Talvez o pulo do gato seja a despretensão. O filme quer ser divertido e quer que meu irmão de 12 anos e escolha lá no painel. Aí dá certo.
 
A história é bem non sense: no nosso mundo, existem vários semideuses perdidos por aí, filhos de mortais e deuses gregos. Até que os raios de Zeus são roubados e ele, que suspeita do inocente filho de Poseidon (que nem sabe que tem um pai tão especial) ameaça começar uma guerra. Na confusão, a mãe mortal de Percy é raptada por Ares e o rapaz resolve descer ao inferno para convencer o deus a devolver sua mãezinha, já que ele não tinha roubado nada. A aventura é encontrar as três pérolas para retornar vivo de lá.
 
O roteiro é bem fechadinho. O tempo é divididinho , então nenhuma seqüência ou momento do filme fica cansativo. É meio bobão – com um vilão meio retardado e sem propósito no fim das contas – mas ainda assim bem coerente com a sua bobagem. E as aparições sucessivas de figuras mitológicas também são bastante legais, até porque os monstrengos são legais.
Agora, falando nisso, de novo ela tem um parágrafo todinho dela: três vivas para a Uma  Thurman! Ela está simplesmente maravilhosa! E ninguém seria uma Medusa mais charmosa e encantadora que ela. Para mim, é o ápice do filme. A melhor seqüência de aventura. Gosto do efeito das serpentes, gosto da cara de recalque para a filha da Atenas... Cada dia que passa eu me torno mais fã da Uma Thurman. Ela pode não ser a mais bonita (longe disso) mas é a mais poderosa das estrelas do cinema. Adoro!
 
Um adendo para a trilha sonora do filme: AC//DC, Lady Gaga e Ke$ha (oi???). Ri dessas coisas no cinema...
 
Então, só descobri depois que existem livros sobre isso, não vou ler, não vou pesquisar mais a respeito, não vou colocar no meu papel de parede, nem vou comprar o DVD. Mas passou na Tela Quente, meu querido, estouro a pipoquinha e vejo, dublado e com propaganda, fácil!

Em PDF

Vacaciones

Nunca tinha lido nada no computador. Nunca gostei. No máximo uma Superinteressante Especial Lost, mas só porque não rolou uma versão de papel de jeito nenhum. A única coisa que sempre tive muito saco para ler na tela foi blog. Talvez por isso Vacaciones tenha sido o primeiro livro que li fora do papel.
 
Talvez você saiba mais sobre livro e autora do que você suponha. Ana Paula Barbi é a Polly, do blog de celebridades Te Dou Um Dado? Que eu também sigo no twitter, porque ela é engraçada. Vacaciones é uma compilação dos blogs que ela teve em um momento muito doida da vida, onde ela aprontou tudo o que a sua mãe adoraria que você morresse sem aprontar.
 
O que mais me agradou foi o fato de em momento algum ela se fazer de vítima e nem tentar promover seu way of life nada convencional. Ela só conta como foi a vida dela, com defeitos e qualidades, lado A e lado B, e cada um faz com o conteúdo o que quiser.
 
Aí sim, estamos falando de um senso de humor que me agrada. Ela é muito engraçada. Muito mesmo. Adoro a maneira como os fatos são narrados e não me incomodo nem com a quantidade de sexo e palavrão, porque fica muito no contexto. E olha que eu sou meio chata com isso.
 
É uma leitura diferente, pelo menos para mim. Agora, se me permitem blasfemar (afinal de contas, eu vivo alertando que este é o MEU blog de Pitacos e eu acho o que quiser sem medo de ser feliz) se eu tivesse que comparar com algum livro seria com O Apanhador no Campo de Centeio, do J. D. Salinger e aí, minha gente, eu escolhia o Vacaciones facinho, facinho, hein...
 
Interessou? Clique aqui e aproveite!

Fazendo uma Patrícia Feliz

Caramuru - A Invenção do Brasil
Caramuru - A Invenção do Brasil
Brasil, 2001

Fazendo a mesma linha do post anterior (o do Sherlock) falo do Carumuru, filminho que tem muito do meu carinho justamente porque soma ingredientes que geralmente me fazem feliz. Resumindo a ópera: Selton Mello + Humor Pastelão + Lenine. Pronto, gente! Precisa de mais nada não, já consigo ser feliz.
 
Confesso que o Guel Arraes se repete muito: do elenco às piadas. Tirando Romance, né? Porque Romance é meio que um erro... 
Mas enfim, a repetição ainda não me incomodou porque eu achei engraçado. Caramuru é um filme que me faz rir. Da simplicidade indígena da Camila Pitanga e da Déborah Secco, da picaretagem do Selton Mello... E acho mesmo que o filme dá conta daquilo que o seu título sugere: a invenção do Brasil.
 
Gosto da forma como a brasilidade é tratada em Caramuru. Com muito carnaval, obrigada! Sei lá, eu não sou muito a favor de quem fala mal do povo brasileiro porque eu amo o povo brasileiro. Mas eu super acho que a mensagem final de tudo é que, por trás de todas as nossas trapalhadas (enquanto nação mesmo) tem um bom coração. E que talvez o nosso coração brasileiro é que meleque tudo mesmo. (seria mais ou menos, Yes, os políticos são uns imbecis mal intencionados e filhos da mãe que destroem o país que governam. Mas o povo brasileiro que colocou ele ali, aquele povo que assiste novela, comenta o Blog da Lu, liga para o BBB, esse povo despolitizado – Oi, eu sou o Gláuber Rocha – não ficou assim por malandragem, mas por um processo histórico que o criou dessa maneira).
 
Devaneios à parte, se você for azedo e não achar graça em nada, ainda pode só fechar o olho e curtir o som, porque a trilha de Caramuru é do Lenine e qualquer coisa que eu escrever agora é totalmente redundante, né?

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Parem as Máquinas!

Sherlock Holmes
Sherlock Holmes
EUA, 2009

Foi bom eu ter dado um tempo para escrever sobre este filme porque tipo, quero ódio do coração de ninguém não. Mas francamente, minha gente, não dá para ser feliz assim não, hein?

Então, quando eu comprei meu ingresso eu sabia que as chances de eu gostar seriam muito mínimas. Sherlock Holmes juntava tudo o que pode ter de mais certo quando o assunto é me desagradar: o Sherlock Holmes (que eu odeio muito) + ação e aventura (que não me faz falta) + seitas ocultistas (que já deu né, gente? Este é o terreno do Dan Brown ganhar dinheiro, bora respeitar o coleguinha?) + um senso de humor sagaz (nada me deixa mais assustada do que quando falam que o senso de humor é sagaz). Fui ver por causa do sucesso e porque as pessoas estavam gostando demais, aí eu tinha que ver nem que para falar mal. E preparem-se, porque é exatamente isso o que eu vou fazer!

Começando pelo Sherlock Holmes. Chato. Detesto o Robert Downey Jr. Não venha me falar que era essa a idéia, mas eu sempre sinto como se ele estivesse interpretando como se estivesse sendo ele mesmo, ou seja, como se prestigiasse a humanidade com a própria existência. Não nego que ele fez os exercícios físicos direitinho e, embora eu seja da tribo dos magrelos com muito orgulho, não nego que o shape do Sherlock até que estava bem interessante... Mas não me convenceu, assim como esse papinho de usar a inteligência para dar golpes marciais. Oi? Alguém ensina para esse povo aquele negócio dos tipos de inteligência, porque não deu!

O clima de ação e aventura também não fez meu tipo. Eu nunca vi nada do Guy Ritchie  embora ele tenha me sido muito bem recomendado por gente que eu respeito, é complicado respeitar o ex-marido da Madonna. Se ele tiver feito um filme com ela então... Achei as cenas de lutinhas (lutinhas! Chamarei eternamente de lutinhas) simplesmente pífias, normais e meeeega clichês. Todas elas. Do tipo que você consegue saber muito claramente o que vem depois. Ou seja, mais uma vez, infeliz...

Aí ainda tinha toda aquela vibe de culto ocultista e whiskas... oi? Eu acho que foi (por incrível que pareça) a forma encontrada para retornar ao universo do Sherlock, que tem essa característica de achar ciências em coisas que eram explicados por fantasmas (uma coisa que me irrita, pessoalmente, porque eu sempre achei o Sherlock meio aula de filosofia, mostrando que a racionalidade humana supera a treva de uma vida pautada pela crença, oi? Dá licença). Mas, de verdade, colocar umas coisas como sociedade secreta ajuda a desandar qualquer coisa. E no caso do Sherlock, foi o fim...

Minto, o fim é o “senso de humor”. Alguém me situa e diz: Não, Patrícia, aquele cachorrinho não foi colocado lá para você rir dele. Porque, se foi, lamento informar que não deu certo. Um cachorrinho cobaia, meu Brasil? Quer um escape cômico mais ultrapassado do que este? Nem a relação esquisita com o meu caro Watson (desculpa pai, desculpa Brasil, odeio dizer isso, mas o Jude Law pode ser um péssimo ator, ele tem direito. Bonito daquele tanto precisa de mais nada não...)

Ou seja, a mistura de ingredientes que eu não gosto resultou em um filme que... detestei! E digo mais, quando eu pensei: Céus! Tem como ficar pior? Acreditem, ficou! Ficou nojento. Dá para acreditar? Nojento... Era tudo o que eu precisava para odiar sem o menor remorso...

Mas sou obrigada a elogiar a estratégia de marketing do filme. Achei muito interessante. Porque se lançam um filme agora, que faria sucesso como fez, e lançam outro em, sei lá, 2 anos, o segundo seria rapidamente chamado de caça níquel. Para resolver isso, fizeram o dois antes do um. Ou seja, colocaram um vilão aleatório no primeiro para as pessoas se perguntares: Uai, cadê o Profº Moriarty? Tchanã! No próximo filme! Achei isso inteligente. Autorizou um dois (que Deus nos ajude...) com uma boa desculpa.

Os créditos, bem, dos créditos eu admito que gostei, mas que fique claro que os de Up são muito mais bonitos!



** Spoiler**
Ai gente, sério, aquele papinho de “Como o cara enganou um médico se fazendo de morto?” já seria tosco em qualquer lugar do mundo. Agora, na Inglaterra, onde as pessoas são alfabetizadas por Romeu e Julieta, aí foi tenso, né? Isso ser O mistério... Morro.

Cor de Laranja


Leite Derramado
Chico Buarque, 2009

Ler Leite Derramado me deixou com a impressão ainda mais forte de que o objetivo de Chico Buarque com Estorvo e Benjamim era escrever Budapeste. Não que Leite Derramado não seja bom, é, mas passa muito longe da genialidade do anterior.
 
A história de um ancião centenário que, na cama do hospital, relembra da glória à decadência de sua família de nome empobrecida com a queda do café. Uma história interessante que retrata bem um movimento social que foi forte no Brasil e que ajudou a configurar a sociedade contemporânea. Mas para que as coisas não sejam tão simples assim, a história é narrada pela cabeça centenária do protagonista que já não é mais das mais lúcidas... Esses lapsos de memória e a confusão mental conferem ao livro uma quebra de linearidade que – se não vira poesia que nem Budapeste – pelo menos dá um ritmo diferenciado para o livro.
 
De um modo geral eu gostei. Gostei muito até. Achei, por exemplo, a sacada do título maravilhosa (pode me chamar de bobilda) e a narrativa do Chico tem muita poesia. Só senti falta mesmo da caneta de gênio, daquela coisa meio Borges...
 
Porque enredo é uma coisa que não costuma me surpreender. Dificilmente eu amo um livro que me surpreende por aí. Sei lá, quando são surpreendentes e inovadores, eu dou um sorrisinho e só. Meu negócio está na forma. Não precisa nem inovar (não sei de onde tiraram essa de que inovar é o que há, mas tudo bem) se for poesia escorrendo na prosa, já valeu. Agora, se inova no formato, no jeito de contar, aí pra mim tá lindo. Aí até livro que vira Best-seller e tem tudo para ganhar minha antipatia, me cativa (beijos, Menina que roubava livros). Chico vinha me pegando pela forma maluca. Em Leite Derramado, ficou só a poesia. Não tá ruim, mas depois de Budapeste, digamos que eu fiquei querendo mais...

Pra não dizer que eu não falei de Up

Up - Altas Aventuras
Up
EUA, 2009

Quando eu vi Up pela primeira vez eu tive certeza de que iria repetir a dose pelo menos mais umas mil vezes. Foi muito, muito amor. Chorei que nem uma retardada mental e até escrevi um post emocionado no Placebo em homenagem.
Mas aí teve aquilo de chorar, e eu chorei muito. Muito mesmo, de verdade. Coloco Up no top dos filmes que eu choro vendo. Aí desencanei dessa de assistir trezentas vezes porque eu estava numa vibe muito positiva.
Mas agora que não resisti e revi, posso falar dele por aqui. Fiquei louca para ver de novo quando saíram as indicações ao Oscar e eu achei uma delícia ver Up em tantas categorias. Trilha sonora é linda! Eu sei que eu não conto, mas por mim, levava Melhor Filme porque daquela lista lá, eu só gostei mesmo foi de Bastardos inglórios, mas sou mais Up.
Tá, não vim aqui falar de Oscar. Vim falar de um longa de animação que é pura poesia. As cores de Up me lembraram muito as cores da Rússia: por mais colorido que sejam, é um colorido frio, pálido, esbranquiçado. Up é uma poesia triste. A casinha voando pelos ares carregada por balões é poesia e só. Surpreendente.
O filme tem uma pequenina mancha no roteiro. (por isso eu ainda digo que Procurando Nemo é a melhor animação de todos os tempos, porque é perfeito) Na verdade, dá pra entender o que a manchinha está fazendo lá. A Pixar ainda tem uma ligação muito forte com o público infantil e nada em Up remete muito ao universo das crianças. É uma história triste e densa, muito densa (vocês entendem? Falar de FRUSTRAÇÃO não é uma vibe muito McLanche Feliz, pelo menos eu não acho) para ser palatável para os pequenos. Aí, para não romper totalmente com o público, vieram os cachorros que falam... Para o público adulto, que se desmanchou com a beleza fria, soa como um deslocamento inexplicável, quase um “que merda é essas?”. Para as crianças, aquilo ali é a diversão, é daquilo que elas vão rir e é aquilo que diz do mundo que elas concebem quando vão ao cinema assistir a um desenho. Então, Up está perdoado!
Ah, e só para constar, falou-se muito (pelo menos no meu círculo de amigos) sobre como os créditos de Sherlock Holmes são bonitos. Ahã, concordo. Mas os de Up dão uma surra, simples assim.




*** Spoiler! ***

Só de curiosidade: claro que eu chorei quando a vida do Sr. Karl é contada naquela cena que é TOP NA HISTÓRIA DO CINEMA, mas eu chorei de com força foi quando os balões saíram por todos os lados e a casa saiu voando, quando o Sr. Karl começa a jogas as coisas pela janela, enquanto eles brincavam de acertar a cor do carro e nos créditos. Muito muito mesmo, nos créditos.






sábado, 6 de fevereiro de 2010

Mais Nine

 Nine
Nine
EUA, 2009

Eu não diria que Nine é um filme chato. Aliás, talvez seja a última coisa que ele seja. Mas não existem só "chato" e "bom" para se designar um filme, então temos que procurar um outro adjetivo porque, definitivamente, nenhum dos dois se aplica. Vamos por partes, para facilitar um pouco a vida.
Nine não tem absolutamente nada de novo. Isso já pesa muito como um contra. O personagem principal, Guido Contini é de fato um picareta cativante. Mas é exatamente igual a todos os picaretas cativantes de que o cinema já se ocupou: inteligente, desconfortável com a badalação da própria vida, fumante, ansioso, mulherengo e dependente de um tipo de assistente (normalmente mulher e não surpreendentemente a  Judi Dench) que serve de conexão entre o lunático apaixonante e o mundo real que espera muito dele. Guido é só mais um.

Os números musicais são visualmente bonitos - como todo o filme, sejamos justos. Gostei de figurino, maquiagem, fotografia, achei tudo muito bem acabado e tudo muito grandioso e não barango (e com uma vibe bem Chicago... originalidade not, novamente). Mas o grande problema desses números estão exatamente onde seria mais inaceitável estar: nas músicas! Não me incomoda, pessoalmente, o fato de as músicas virem segregadas da cena, ou seja, o personagem estar em um lugar e aparecer todo serelepe e cantante em outro. Em Nine, as canções como expressão interior até me agradaram. Os ritmos, apesar de nada originais, são até gostosos mas as letras... As letras são simplesmente terríveis. Bobas, rasas, nada melodiosas. Você não sai do cinema com vontade de baixar a trilha. E se tirar o brilho das cenas que elas embalam, ficaria insuportável sequer ouvi-las. Quer dizer, complicado se afeiçoar a um musical de músicas ruins.
Mas Nine tem seus trunfos. Talvez o elenco feminino mais fabuloso que já foi reunido para um mesmo filme. Todas elas fadadas a interpretar um tipo bem clichê, mas de novo aqui, é preciso ir por partes.
Já abro dizendo que encarei a presença de Fergie com muito ressabio e me surpreendi. Nada foi exigido dela, só que cantasse e fosse sensual - e é assim que ela ganha a vida - mas a personagem dela, uma personagem super pequena, foi o tipo feito da forma mais original e seu número musical é o mais agradável. Talvez por ser o mais bonito e mais coreografado, ou seja, o que desvia mais a atenção para a ruindade musical da coisa toda. Kate Hudson, que o meu amigo Pedro Célio descreveu como "um sopro do pop americano em um filme com cara de cinema italiano" fez axatamente isso. Foi um escape pop que eu chamaria de desnecessário se não fosse a Kate Hudson (Ah, minha amada Penny Lane). Os minutos a mais que se passa sentado em frente à tela para ver a personagem - completamente inútil ao enredo -  não fazem mal à ninguém.
A primeira vez que vi a Marion Cotillard foi em Peixe Grande, fazendo uma personagem pequena e absolutamente normal (era a nora do protagonista Edward Bloom) passível de ser soterrada pelas histórias maravilhosas. Mas ela consegue ser tão cativante e tão apaixonante que é uma das primeiras coisas que me lembro se penso nesse filme (Que amo!). Não vi Piaf mas gostei de reencontrá-la no (decepcionante) Inimigos Públicos. Agora, em Nine, ela brilha. Luisa Contini é uma personagem feita para que todos nós a amemos e  Marion Cotillard se faz amar em trinta segundos. Mão e luva. Seu primeiro número musical, onde ela revela resignação ao amor poderia ter sido uma cena histórica. Não é, no entanto. A idéia da música (Pessoas que somos e deixamos de ser) é realmente muito boa. Mas só a idéia. E mais para frente, quando Marion reaparece cantando, se alguém ali sentiu a alma lavada à escovão, este alguém, definitivamente, não fui eu.
Penélope Cruz estava perfeita, de novo. Mais uma vez digna de Oscar e louros por sua beleza e talento que amadureceram (eu não gostava dela nem um pouquinho) mas se eu tivesse que dizer alguma coisa para ela neste momento seria: Cuidado! Carla, sua personagem, é uma válvula cômica de um humor deliciosamente inocente e quase simplista. O que fica ainda mais interessante em uma personagem extremamente sensual e bastante louca e inconsequente. Resumindo: Carla é Maria Elena, de Vick Cristina Barcelona. Mais um contra para Nine.
E não foi com surpresa que, em um filme onde a eterna diva Sophia Loren, linda, elegante e superior como sempre (interpretando praticamente uma deusa, e é desse tipo de clichê que estou falando) o grande destaque tenha sido, na minha opinião, para Nicole Kidman.
A personagem de Nicole aparece pouco, é mais uma presença do que está presente. Mais um fim do que um meio. Claudia Jenssen é a musa do Maestro Contini e protagoniza a melhor cena do filme. Aliás, a única que realmente me deixou encantada. E não teve botox, não teve idade, não teve nada que impedice Nicole de ser a mulher mais linda do mundo mostrando sua qualidade como atriz que já estrelou o melhor musical da história (Moulin Rouge é perfeito, ok). Não teve letra ruim, não teve falta de confetes (o número musical é o mais sóbrio de todos) que a impedice ser estonteante. Em uma constelação de promessas, de modismos, e até de juventude, Nicole foi a estrela mais brilhante.
Entretida no cinema, teria dito assim que terminou: É melhor que Chicago... mas aí veio o final. Sabe quando você acha que o filme acabou e descobre que tem mais? Se tivesse acabado quando eu achei que acabaria, estaria tudo bem. Mas aí vieram uns 15 minutos a mais e aí fica difícil ser sincero dizendo que gostou de Nine. O final simplesmente me ofendeu. Nunca vi uma coisa mais desnecessária, foi como explicar uma piada. Uma pena. A ideia é até boa (meio machista, mas o filme é italiano demais para não o ser) mas boa. Só que a forma que foi desenvolvida menospreza a inteligência de quem já estava ali dedicando seu tempo ao show.
Escrevi feito uma torneira porque não sei falar de Nine nada conclusivo. Aliás, minto, posso ser absolutamente taxativa pra falar


Que o trailer é brilhante!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Quem disse que nada é perfeito?

Do Lado Esquerdo de Quem Sobe
Dança de Salão

Não sou muito rata de Campanha de Popularização do Teatro não. Tenho até certa preguiça muito grande. Acho teatro uma coisa pouco logística e que quase nunca me satisfaz. Para ver comédia, não me abalo, nem Stand Up, porque é muito difícil eu rir de coisas feitas para serem engraçadas.
 
Mas acabei me surpreendendo com o fato de eu gostar tanto de dança. Desconfiava disso desde que gostei mais do Corpo que do Galpão, depois de assistir as apresentações de ambos no gramado da Reitoria da UFMG.
 
E nesta campanha o único espetáculo que me tirou de casa até agora foi “Do lado esquerdo de quem sobe”, da Mimulus. E foi, na plenitude da palavra, um espetáculo.
 
Começando pela música: perfeita! Choros, sambas e uma trilha de seresta maravilhosa. Flautas, cavaquinhos encantadores. Pela música já valia a pena. No quesito magia, também teria que dar nota 10. Cenário, figurino, iluminação, tudo simplesmente impecável. Nem a duração peca. Acaba no exato momento que tem que acabar. Não deu tempo de cansar e não existe mais expectativa do que tem para ser feito.
 
Até porque, quando termina, já foi feito de tudo! E além de tudo, conseguindo ser divertida e até mesmo interativa. Um espetáculo irrepreensível!

Força de Vontade

Forças do Destino
Forces of Nature
EUA, 2009

Engraçado com estes filmes são todos iguais. Não sou muito de caçar as bruxas das comédias românticas não. Ao contrário, acho um gênero super válido. Mas esta aqui, apesar de Sr igualzinha a todas as outras, só vai se diferir quando for em coisa ruim.
Eu poderia parar isso aqui falando em Sandra Bullock e Bem Affleck. Ele é lindo, ela nem isso. Apesar de eu ser uma apaixoanda por Enquanto você dormia, e adorar a personagem dela e tals, não dá. Não é uma atriz que me deixe mais feliz por estar em um filme. E o Bem Affleck é de uma incopetência lamentável...
Um enredo cheio de desventuras em série e um final sensato. Ponto. Só isso. Não melhora seu dia, mas também não te deixa com raiva da humanidade.

Em Sépia

Budapeste
Chico Buarque, 2003

Depois de ler Budapeste, a sensação que eu tenho (e que lota meu coração de felicidade!) é que o Chico Buarque precisou de dois livros para chegar até ele. Budapeste faz Estorvo e Benjamim parecerem degraus. Se o primeiro era sombrio ao ponto de ser até meio indigesto e o segundo era todo de angústia, Budapeste consegue somar os dois e iluminar tudo em sépia.
 
Uma crítica que aparece na orelha do livro diz que, no exato instante em termina, o livro vira poesia. Vira. Impressionante ver a transformação assim, nas mãos. No fim das contas, a lógica ali era a poesia e tudo faz sentido.
 
Escrever sobre um ghost-writer também não deixa de ser uma metalinguagem bem interessante. E um tanto quanto despudorada, porque fico pensando nas pessoas pensando se isso realmente acontece. Acontece...
Budapeste encanta pelo diferente. Pelo diferente da história, da forma de narrar, do que será narrado. Budapeste encanta por surpreender na forma e no conteúdo.
 
Recomendadíssimo!