"não sou um intelectual, escrevo com o corpo."
Clarice Lispector

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Uma história de amzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz


Amor Sem Escalas
Up in the Air
EUA, 2009

Zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzze fim!

Assim dava para falar tudo o que eu penso sobre esta comédia romântica que nasceu pra virar um clássico. Oi? Se eu tivesse visto na Sessão da Tarde teria mudado de canal e ido ver Sem Censura. Se fosse Tela Quente, ia dormir. Sério.
O filme não tem absolutamente nada! (Tá, o George Clooney. Receio que eu goste dele em qualquer papel...) Não é bonitinho, não pe engraçado, não tem uma trilha sonora que vale a pena (apesar da vibe até tentar ser meio Cameron Crow) e tem muita, mas muita chatice mesmo! Um tédio...

Não sei se ele é pior quando o personagem de Clooney [um cara que vive de demitir pessoas (oi?) e de fazer uma palestra onde ele enina aquilo que Up demonstra com a maior poesia] está tentando provar que a vida é exatamente como ela é ou se fica ainda mais chato quando é a vida que quer mentirosamente convencer o cara do contrário. Lama! E ainda pior: lma pretensiosa!

Uma coisa que me irrita neste tipo de filme é a explícita condenação ao um way of life que o cinema, o puratanismo e sem lá mais quem faz de um tudo para provar que está errado. Puxa aí pela memória, quantos filmes mostram um workaholic insensível descobrindo que o amor é o mais importante no fim das contas? Parece que ninguém é feliz chutando o amor, não tendo filhos, não tendo um lar para passar o natal. Sério, acreditem, existe gente que é feliz assim mesmo. Desse jeitinho. Ok, eu tenho filmes super assim, mas que eu gosto (Prazer, meu nome é Patrícia e todo natal eu vejo Um Homem de Família) mas este não foi o caso.

Muito blábláblá. E fiquei imaginando as pessoas que militam contra este way of life sorrindo e abanando a cabecinha na hora do parênteses. Aliás, gostei da expressão: Parênteses. Super vou usar daqui pra frente, como um suvenir de uma daquelas viagens que a gente odeia, para ficar na vibe do filme.


Considerações:
:  :  Pringles de Páprica: não se deixem enganar! Quem estiver esperando um sabor forte e picante, desista.

:  : Nine! Ainda vou demorar um cadinho pra ver, porque tenho que ver Avatar e Sherlock ainda (ahã, não vi) mas já estou ansiosa e achando quase impossível um elenco que tem Nicole, Penélope e a minha fofa a amada Marion Cotillard não me agradar. Ainda mais que eu tenho certeza que não vai ter nenhum Richard Gere sapateando na minha tela...

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Cheiro de menta de pipoca





Lisbela e o Prisioneiro
Lisbela e o Prisioneiro
Brasil, 2003

Para falar de Lisbela e o Prisioneiro, por mais que eu tente evitar, acabo recorrendo ao derretimento. Amo muito. Não sou a maior fã de comédias, pelo contrário, se é este gênero de filme, assim, puro, eu raramente elejo para assistir. Das comédias românticas eu gosto mais, mas quando são mais românticas do que comédia e fico bem alegre se tem uma pitada (Uma PITADA, ouviu Click?) de drama.

Agora, se for para rir, que seja do Guel Arraes. Ok, acho que ele fez quatro filmes muito parecidos, que Lisbela foi o auge e que Romance começa a denunciar a queda. Mas ainda digo que em matéria de comédia, ainda fico com O Auto da Compadecida e Caramuru e largo para lá comédias gringas.

Como já disse, Lisbela, para mim, é auge! Já começa bem: você junta o fenomenal e pote de talento Selton Melo (me admira ele não ser da família Buarque de Hollanda) com a lindeza da Débora Falabella e o maravilhoso Marco Nanine. Aí vem o do humor do Guel Arraes contando uma história que é linda. O resultado é um filme nacional que na minha lista de predileções só seria superado mais pra frente, por A Dona da História, do Daniel Filho.

Trata-se da historia de uma mocinha sonhadora que, às vésperas de seu casamento com um moço metido a moderno estudado no Rio de Janeiro, se apaixona pelo vigarista Leléu. Leléu, entretanto, está na mira do pistoleiro Frederico Evandro, disposto a matar o trambiqueiro por ter lhe seduzido a mulher.
A trilha sonora é muito gostosa. Comandada por Caetano Veloso, passa por Elza Soares e passa por clássicos nordestinos. É bem interessante. E também daria estrelinhas para a participação da bela Virginia Cavendish que interpreta uma personagem, Inaura, que eu acredito que toda mulher carrega dentro de si, variando só a maneira como uma e outra conseguem extravasar ou conter. Mas isso já são teorias de Patrícia...

Quando acaba, dá vontade de passar o dia todo cantando que o amor é filme. E dá vontade escrever em algum lugar uma fala de Leléu: “E desde então foi assim, vivo me perdendo atrás de tudo o que é bonito” ou da Inaura: “Me ame por amor a ela”.

Isso sim é Sessão da Tarde


Corina, uma babá perfeita
Corrina, Corrina
EUA, 1994

Quando você está em casa, a toa, aproveitando o tempo de folga e vai passar um filme na TV, vai ser dublado, vai ter um monte de propaganda e tals, não sei se alguém vai para a frente da TV querendo ter um orgasmo de entretenimento. É totalmente diferente sentar no sofá para ver um filme na TV e ir ao cinema. Até mesmo se você aluga ou baixa um filme para ver. Parece que a coisa teve mais intenção. A TV tem qualquer coisa de por acaso que me deixa menos exigente.

Aí vem um filme e junta uma historinha bonitinha, uma menininha bonitinha e uma relação bonitinha que rompe barreiras de cor de pele, de classe social etc. e tal. Corina, uma babá perfeita é um filme assim. Você assiste porque está passando, mas dá para se divertir.

Menininha perde a mãe e mergulha na tristeza. O pai, um compositor de músicas para publicidade, também abatido com a morte da mulher, vai fazer de tudo para animá-la e vai obter êxito quando escolhe a babá certa para tomar conta da menina: Corina, uma mulher negra, sensível e muito bem humorada. Corina logo conquista a menina e consegue levá-la para um mundo mais feliz. Contente com a recuperação da filha, o pai vai logo descobrir o que a babá tem para deixar a menina encantada e vai acabar encantado também.

Muita fofura e Whoopi Goldberg fazendo muito bem o que tem que ser feito, mais uma vez. Corina ainda terá um detalhe a mais, que nem precisava, é quase como um brinde: uma trilha sonora linda. Não sou a maior de todas as admiradoras de Jazz, mas acho bem bonito e o embalo jazz que o filme tem é extremamente charmoso. Gosto sempre.
Ah, e antes que alguém me corrija, eu sei que passou foi no SBT, tá? Sessão da Tarde é meio modo de dizer.

Cheirinho de Perfeição



O Cheiro de Deus
Roberto Drummond, 2001

Quando eu fiquei completamente viciada em O Tempo e o Vento, costumava dizer que se eu fosse gaúcha, seria eternamente grata ao Érico Veríssimo por ter colocado no papel de uma maneira tão linda a história da minha terra. Sou eternamente grata ao Roberto Drummond por ele ter contado, em o Cheiro de Deus, a história da cidade que eu mais amo nesta vida. Acho que Belo Horizonte é quase personagem no livro. Adoro quando personagens como Catula, Tio Johnnie Walker ou Tio Red Label freqüentam o Viaduto Santa Teresa, o Edifício Acaiaca ou a Rua do Ouro.

O Cheiro de Deus conta a história do ramo da Família Drummond que se estabeleceu na região do Contestado, na fronteira de Minas com o Espírito Santo. A família, de origem escocesa, tem no sangue a volúpia do incesto que faz com seus membros acabem sempre loucos. Vó Inácia, matriarca da família casada com seu tio Vô Old Parr, depois de se tornar Baronesa do Café no Contestado , vai viver em um castelo, em Belo horizonte, depois de velha e cega, onde fica concentrada em sentir o cheiro de Deus antes que seu adversário político (que sempre foi apaixonado por ela) e arquiinimigo Coronel Bim Bim, fosse lhe arrancar a cabeça como paga pela rivalidade de toda uma vida.

Não é uma história que se resuma. Porque é a história de muitos personagens, todos muito particulares e maravilhosos. Aqui, o fio que divide fantasia de realidade é vacilante e personagens como Catula, estudam no Colégio Santo Antônio e na UFMG, mas quando vem uma frente fria vinda da Argentina, a moça que era branca, de olhos verdes e cabelos fulvos, se transforma em uma negra. Ou Tio Johnnie Walkerque é explorador de pedras preciosas mas que tem muito medo de ser o Lobisomem que fala latim, come rosas vermelhas e atira cravos na janela de Catula na Lua Cheia. Ou ainda personagens como Emily ou a Moça Fantasma da Rua do Ouro, que são fantasmas, ou Cara de Anjo ou Satã, indivíduo sem passado e de grande beleza, mas que não se sabe se é o capeta ou um anjo. As loucuras de Tia Rose, as fantasias de Tia Viridiana, o sentimento de culpa de Tio Red Label (meu personagem preferido e que rende os trechos de maior beleza do livro), a sensualidade morena das quase mágicas 5 Irmãs, a valentia de Gioconda, a sabedoria da Anã Clô... Personagens maravilhosos vivendo uma epopéia de fantasia e sonho.

Em Cheiro de Deus, tudo o que é Amor é desejo e todo desejo é sempre o desejo do amor. É um livro de febre e doçura, de magia e de encantamento. Perfeito.

Mata-me de uma vez...


Mata-me de Prazer
Killing Me Softly
EUA, 2002

Uma meta para a minha vida de adulta (?) é deixar de ser puritana para filmes. Cenas de sexo explícito em filmes me incomodam muito, quase sempre eu me sinto desrespeitada, agredida, invadida mesmo. Muitos filmes ganharam minha implicância por causa de cenas de sexo que me deixaram desconfortável: Cold Montain abre a lista, porque eu achei desnecessário, O Amor nos Tempos do Cólera por não ter feito cenas bonitas e Budapeste, só pra falar mal de mais uma coisa naquele filme.

Mas daí a tentar trabalhar isso na minha cabeça com um filme com o título de Mata-me de Prazer (que bem que podia ser título de um pornô) não foi lá uma boa idéia... A idéia é fazer um filme de suspense, com um enredo, e salpicá-lo com bastantes cenas de sexo explícito. Ok, vamos lá...

Uma moça solitária que vive um relacionamento tranqüilo conhece um sujeito que acaba de ficar famoso por salvar  várias pessoas de um desastre durante uma escalada. Os dois são fortemente atraídos um pelo outro e ela troca o companheiro tranqüilo por um homem de quem ela não sabe patavinas, mas que oferece a ela os mais loucos prazeres sexuais. Mas o cara é cheio de mistérios e ela, de repente, descobre que pode estar dormindo com o inimigo, se me permitem a infâmia do trocadilho.
Aí você (no caso, eu) fica naquela: se acontecer tudo o que você está prevendo no final, o filme é previsível. Neste caso, o mínimo que se espera é que tenha uma reviravolta. E tem. Mas aquela que você pensa que vai ter. O final é a segunda alternativa possível de um leque de duas opções que ficam claras para qualquer espectador que conseguir prestar atenção na trama. 

Maníacos, ou pessoas mentalmente perturbadas, costumam me incomodar, mas neste caso, Joseph Fiennes não conseguiu. E não me impressionou nem como um cara doentio, nem como um cara super sexy, como o personagem devia ser. Quem podia ter salvado um pouco a pátria era a maravilhosa Natascha McElhone, mas ela foi super mal utilizada. Maravilhosa aqui usado no sentido pleno da palavra. Natascha é uma das belezas menos cansativas de Hollywood, acho uma atriz meio mal aproveitada de um modo geral. Uma das mulheres mais bonitas em atividade, talvez por ter uma beleza totalmente destituída dos moldes que o cinema impõe e que já deu para enjoar.

Enfim, férias tem dessas coisas, ver filme na televisão tem dessas coisas... Recomendo não, achei bem chatinho.

Minha Super Perda de Tempo


Minha Super Ex-Namorada
My Super Ex-Girlfriend
EUA, 2006

Uma Thurman é uma mulher desesperada porque o homem por quem estava apaixonada a sacaneou e, como mulher forte que é, resolve infernizar o cara e se vingar a qualquer custo.  Pronto. Qualquer semelhança com (o ótimo) Kill Bill acaba aqui.

Primeiro porque o Ivan Reitiman não é o Quentin Tarantino. Daí você já pode descartar uma trilha sonora sensacional, pode descartar cenas de violência estetizada em p&b, pode descartar uma vibe Mangá no meio da história e pode descartar a Lucy Liu também. Porque você não vai encontrar nada disso. E se você acha que, então, vai encontrar um humor divertido como o de Caça Fantasmas (o primeiro, principalmente) ou certa fofurinha como em Um tira no Jardim de infância (trabalhos anteriores de Reitiman) pode desistir também.

Se um dia eu tivesse saco de sentar e ver o filme de novo (not!) eu contaria quantas vezes o verbo “transar” nas mais diversas conjugações é falado por cada um dos personagens. Chato. A história não tinha como ser boa mesmo: um arquiteto looser para relacionamentos que tem um melhor amigo ninfomaníaco começa a se relacionar com uma super-heroína e vê sua vida transformada num inferno quando quer colocar um ponto final na relação. Tudo contado com o mais sem graças dos humores, naquelas velhas formulazinhas de besteirol que nem a muito custo consegue fazer uma pessoa com mais de 13 anos rir. Para piorar, ainda some a isso tudo alguns efeitos especiais BEM toscos e você pode pegar o filme e jogar no lixo. Não serve nem como distração barata para você ver na Tela Quente, sério.

Só vou dedicar mais um parágrafo a Uma Thurman porque ela é brilhante. Até fazendo uma tosqueira dessa ela tem momentos de brilhantismo mesmo. Faz umas caras de desdém impagáveis. Mas ela já fez Kill Bill e lá era uma mulher raivosa por um monte de motivos graves: Bill destruiu a vida dela, tentou matá-la, blábláblá Whiskas Sashê. Neste filme, ela só surta por ciúme de uma mocinha loirinha, meiguinha e boazinha, enfim, um mal ao qual todas as moças que não são nem loirinhas, nem meiguinhas nem boazinhas estão expostas desde que o mundo é mundo. E nem adianta voar, ter visão de raioX ou super-força. É a vida. E fechando com um detalhe fútil sobre a atriz, se ela não usa uma dublê, os pés de Uma têm uma fã! São lindos! Já tinha reparado em Kill Bill, neste também ela mostra os pés. Lindos!

sábado, 16 de janeiro de 2010

Dentro de Nós!


 Onde Vivem os Monstros
Where the Wild Things Are
EUA, 2009

Aviso: Vai ser um post escrito de uma forma muito passional. Recomendo que seja lido por quem já viu o filme ou por quem não liga de ler coisas que podem conter spolier. Avisei no começo.

Desde que eu era fanática por Senhor dos Anéis eu não ficava tão ansiosa por uma estréia. Mas desde que eu vi o trailer (estava eu vendo Up, eu acho) eu fiquei completamente encantada. Era tudo. Era a carinha doce do menininho, era o non sense daqueles bichões muito loucos que lembravam História sem Fim, era a musiquinha e, claro, como qualquer um que falou em Onde Vivem os Monstros por aí, aquela frase final “Dentro de nós está/ Tudo que você já viu/ Tudo que você já fez/ Todos que você já amou”. A vontade de saber do que é que isso tudo tratava me deixou frenética até ontem, 17h10min, sala 04 do meu velho companheiro de Aventuras, o BH Shopping
.

Se eu tiver que contar sobre o que o filme fala, é muito fácil. Tristeza. É a história da tristeza e de tudo o que ela faz com as pessoas tristes. Max, nosso pequeno Rei e herói é um menino triste que tem um privilégio que seria a maior dádiva que cada um de nós poderia receber: olhar de frente suas próprias tristezas, como se elas fossem exteriores a ele. E são esses os monstros gigantes, devoradores e muito loucos que o garoto vai governar.

Filmicamente falando eu achei bem bom. A trilha sonora dispensa comentários (está toda disponível no Youtube e os links foram postados no twitter pelo @pclooping) e funciona como uma moldura perfeita e harmônica. A interpretação do pequeno Max Records está ótima. Ele consegue ser meio autista, meio mimado, meio chato e tudo isso sendo completamente fofo. Gosto dele quando ele sofre, gosto dele quando ele apronta, gosto dele quando ele está feliz e faz a gente se sentir feliz junto. Também gostei muito do visual do filme. A fotografia é muito interessante e a tosquice dos bichões refrescou um pouco os olhos tão acostumados com a computação gráfica e combinou com a idéia de singela imaginação que aquilo tudo devia representar. E quando acabou, levei um susto. Não parecia que o tempo tinha passado. Fiquei lá sentada até os créditos chegarem ao fim. Não queria que acabasse...

A história... A sutileza de tudo é o grande charme. Você precisa sentir o que os personagens falam (geralmente num tom bem bobo) para tudo fazer sentido. Meu estado natural, de equilíbrio, aquele para o qual eu tendo, é a tristeza. Acho que o filme fala no ouvido de quem é assim. E mostra o risco da necessidade de um Rei para ser feliz. Quando Carol pergunta se Max poderá protegê-los da tristeza, eu, lá na minha cadeira, senti que uma coisa muito especial estava acontecendo ali. E Max aceita o desafio de fazer a tristeza feliz. E só com o tempo vamos descobrindo que ele não foi o primeiro e que, o fim de todos os outros reis era ser devorado pelos monstros. Tal qual a gente faz com os Reis a quem confiamos todas as fichas das nossas felicidades. “Você vai falar bem de nós quando partir?”, é a preocupação de um dos monstros quando chega a hora de Max ir, e foi impossível não pensar em todos os reis que já tive, como e por que os devorei e o que deles sobrou comigo.

Max volta pra casa. Abraça a mãe com quem tinha brigado e naquela troca de olhares do final (lindo!) a gente fica na torcida para que Max tenha conseguido dominar seu Carol e tenha aprendido que a felicidade não precisa de nenhum soberano e pode ser tanto mais feliz quanto livre.


Nem tanto

The Incredibles
EUA, 2004

Eu gosto bastante da incrível aventura da incrível Família Pêra. Também não dá pra negar que é uma das animações mais bem feitas de todos os tempos. Acho que o balanço do cabelo da Violeta, como foi amplamente discutido no twitter, é um salto pra história da animação. E acho que há também o inegável carisma dos personagens.

Mas não sei se coloco Os Incríveis no meu hall de favoritos, mas mais por azedume meu do que por problema no filme. Não acho que a história tenha uma “lição de moral” muito interessante como Procurando Nemo, como UP ou como Carros. Ao contrário, acho que há até um certo problema com isso. Tenho um pouco de aflição dessa coisa de “ser especial”, “ser normal” e “dar o seu melhor”. Não é querendo pagar de moralista, mas eu não acho que a energia de Os Incríveis seja uma coisa muito positiva. Claro, tem toda a fofura. Tem o Sr. Incrível lembrando que a família é muito importante. Tem a Violeta acreditando no potencial dela... Mas não sei se isso supre.

Também não é um filme que me faz rir muito. Me faz rir, mas não muito. E em uma animação eu acho isso importante (sendo UP a exceção por motivos óbvios). Mas neste pónto, talvez a Edna sozinha consiga suprir essa necessiade. A melhor personagem do longa, a mais sem noção e que mais se parece com personagens de animação na história.

Mas apesar de meu texto não ter dado a entender, gosto bastante e assisto sempre que dá, mesmo sendo na Globo e com propagandas (porque animação eu sempre vejo dublado mesmo).

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O Último que morrer apaga a luz!


 Caçadores de Mentes
Mindhunters
Finlândia/Holanda/EUA/Inglaterra, 2005

Já conhecia a história. Não a do filme em si, mas a história em essência. Pessoas em uma ilha isolada, um padrão e um assassino matando um por um. Todos desconfiam de todos porque aparentemente não há mais ninguém por ali além deles. Não sei quem concebeu primeiro essa idéia, para criar um terror psicológico realmente interessante. A primeira que eu tenho notícia foi a rainha do crime, Agatha Christie no fabuloso romance O Caso dos Dez Negrinhos, lançado em 1939.

Neste caso, os confinados são agentes do FBI em treinamento. Supostamente eles foram levados para a ilha para serem treinados e quando ao assassino age pela primeira vez (uma cena ao tosca, mas tão tosca, que eu ri) eles se dão conta de que algo está errado e de que pessoas vão morrer de verdade. Pegam suas armas e colocam em prática todo o conhecimento que possuem de leitura de mentes e sinais das pessoas. Pedante, pedante...

Sangue. Mortes bem trágicas. Socos. Mesas voando... Um filme bem ruinzinho. No melhor estilo morre todo mundo até que sobre o assassino e o mocinho para que o mocinho possa matar o assassino. Sem grandes reviravoltas (eu não aprecio reviravoltas, mas em um filme como este, é o mínimo que se espera dele...) a única coisa interessante é o fato de o mocinho não ser muito bem definido. Aí, fica realmente difícil saber quem é que está matando todo mundo. Mas ainda assim, 30 segundos antes de cada acontecimento, você já saca o que vai acontecer. É até bom, assim as moças não se assustam com os cadáveres féis caindo do teto...

Nisso que dá ficar vendo intercine na GLobo...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Na história deste país


 Lula, o filho do Brasil
Brasil, 2010

Eu gosto muito de cinema. De ir ao cinema, da sala de cinema. Gosto da experiência de consumir o produto coletivamente. E acho que esse consumo coletivo, as reações, o público que está lá sentado, etc, diz muito de um filme.  15h50min no BH Shopping e uma sala muito vazia, apesar de um cinema lotado. Nas poltronas ocupadas, muitos cabelos brancos. Cenário parecido com o de Dois Filhos de Francisco. Minha expectativa era de um filme parecido. Posso dizer que errei.

Se a idéia era mostrar o nosso presidente como ser humano, filho, pai, irmão, marido, o filme falha. Se era mostrar o Luiz Inácio Lula da Silva e sua notória carreira política (notória sim. Foi presidente sem ter sido outra coisa e num partido que ele próprio fundou. Sem entrar nos méritos do governo atual, a carreira do nosso presidente é sim, digna de nota) o filme falha também. Não é uma coisa nem outra. E eu não sei direito o que é.

Não comparo muito ao filme do Breno Silveira, acho que Dois Filhos de Francisco, apesar da trilha sonora infinitamente pior, foi um filme muito mais caprichado. Lula é um filme estranho, Um pouco mole demais no começo, um pouco sem propósito. Depois ganha ritmo, e aí acaba. Glória Pires está divina e eu acho um dos charmes de tudo o ator que interpreta Lula ser tão fraco.

Por mais que eu tente, não dá pra comentar o filme sem entrar nos méritos políticos que a história de um presidente com mandato em exercício suscita. Se tivesse que definir o filme em uma palavra, seria desperdício. Acho que é uma história muito boa para ter sido contada da maneira que foi. Primeiro, o selo da Globo Filmes. Acho que a Globo protagonizou um dos momentos mais importantes da carreira do presidente e da vida do Luiz Inácio. Mas como o filme termina em 1979, dez anos antes daquele fatídico debate, a história foi varrida pra debaixo do sofá e ponto. O momento Lula candidato, os comícios eletrizantes (Lula lá! Brilha uma estrela...) e mesmo a fundação do PT foram deixados de fora. E não há a contrapartida de ter mostrado a vida do homem por trás do político, porque não mostrou. Para piorar, inventaram um vilão, o que não deu certo. Usar a ditadura militar como pano de fundo para falar da vida do Lula foi forçar muito a barra. Ele é um personagem da redemocratização, não da ditadura. A passagem pelo Dops é importante, claro, mas achei super explorado.

É um filme bacaninha. Encardido, e isso me incomodou um pouco (ainda usando Dois Filhos de Francisco como referência, ele mostrou pobreza, mas não foi encardido), mas com alguns bons momentos. Amparados por uma história boa, só mal recortada.

Mas ainda assim eu achei que valeu o ingresso. Talvez pelo fato de eu concordar muito com o Lula ali representado. Sempre o vi como aquele que organizou a luta sindical, e isso fica bastante claro. Acho que a história merecia mais, mas acredito que deu para não sair de lá com ódios no coração.

Comentários:
1.    Trailler de um filme chamado “Segurança Nacional”, filme brasileiro de ação, com um presidente (negro!) que profere a seguinte frase: “O Brasil não negocia com terroristas”. Oi?
2.    Alguém me explica porque o trailler de Sherlock Holmes que passa em Lula, o filho do Brasil, é dublado?
3.    Se alguém quiser saber minha posição política quando o assunto é Lula, aí vai: Eu fui uma grande entusiasta do presidente na campanha de 2002, eu chorei muito quando ele não ganhou em 1º turno, chorei de emoção quando ele ganhou 2º, assisti a cerimônia de posse e a diplomação com uma felicidade muito maior que a jogos de copa. Paixão. Paixão passou, claro. Mas minha relação com o governo é o de um casamento de 17 anos. Chamo de traste, reclamo da barriga de chopp, ma na hora de dormir, sorrateiramente, deslizo o pé debaixo da coberta, pra encostar no dele.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Para aquilo que for criança


Corda Bamba 
Lygia Bojunga , 1979


Uma vez eu peguei um livro para ler por mera curiosidade. Estava lá no cursinho, todo mundo que ia fazer prova do Coltec ia ler, li também, embora não fosse fazer a prova. Lembro     que comecei a ler no ônibus, onde deu tempo de eu ler o primeiro conto. Chorei. Chorei de verdade, daquele choro que começa na garganta, com um estalinho. Fechei o livro meio tímida, estava no ônibus. Foi uma surpresa muito grata ter lido aquele livro.

O livro era Tchau, da escritora infato-juvenil Lygia Bojunga. Pesquisando um pouco sobre ela – entorpecida pela beleza de Tchau – acabei me deparando com um nome familiar: A Bolsa Amarela, um clássico infantil. Arrumei o livro, li. Encantador.

Este post é sobre o primeiro livro que li este ano, Corda Bamba, lançado por Lygia em 1979. Não posso chamá-lo mais de grata surpresa, porque já esperava ficar encantada da maneira que fiquei. Ela é simples. Extremamente simples. Não complica uma vírgula no vocabulário, não tira uma frase da ordem direta. Os diálogos são carregados de coloquialismos e são sonoros. Os personagens de Corda Bamba têm voz. Se ficar em silêncio um pouquinho, você consegue ouvi-los falar.

Mas por outro lado, o olho que vê a história que está sendo contada, quando falamos de Lygia Bojunga, fica no coração e a história acaba sendo toda vista dali. Neste caso, a história de uma menina de dez anos que cresceu em um circo onde aprendeu a caminhar na corda bamba e que vai viver com a avó, uma senhora muito rica, com a morte dos pais, também equilibristas.

E é a história do esforço da pequena Maria para se equilibrar sobre a nova vida, como tantas vezes se equilibrou sobre a corda do circo, e enfrentar a nova realidade que a pertence embora, para tanto, só encontre caminho na sua fantasia de menina.

A narrativa lembra muito o estilo de Clarice Lispector, de Virginia Woolf. Chego a me aventurar dizendo que os livros de Lygia não devem nada aos de suas colegas. Só que, mais uma vez, falando do mesmo jeito, das mesmas coisas, mas de lugares diferentes. Por isso, não se deixe enganar! Pode parecer que é coisa para criança, mas é um jeito encantador de conversar um pouco com aquilo de criança que resta na gente.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Oi, eu sou um ovo!

Não vou me repetir e fazer outra descrição. Este é um ovo d’O Placebo. Um blog para falar de coisas. Mas ainda assim, escrito com o corpo.

Este é só o post abertura e o ritmo de atualização daqui vai depender do ritmo do consumo de coisas a serem comentadas. Vou dando notícias via Twitter.

Agora, como de praxe,encerro com agradecimentos: Carol, minha prima bonita e inteligente, que fez a foto para mim. Rafael, que tem um senso se diagramação muito bom e porque ele poderia dar aulas de photoshop (não para mim, porque não sou boa aluna, pra mim ele pega e f az que passa menos raiva) e ao Pedro Célio, um ótimo fisionomista tipográfico que salvou o dia! 

Então é isso. Espero vocês e esperem novidades!