Where the Wild Things Are
EUA, 2009
Se eu tiver que contar sobre o que o filme fala, é muito fácil. Tristeza. É a história da tristeza e de tudo o que ela faz com as pessoas tristes. Max, nosso pequeno Rei e herói é um menino triste que tem um privilégio que seria a maior dádiva que cada um de nós poderia receber: olhar de frente suas próprias tristezas, como se elas fossem exteriores a ele. E são esses os monstros gigantes, devoradores e muito loucos que o garoto vai governar.
Filmicamente falando eu achei bem bom. A trilha sonora dispensa comentários (está toda disponível no Youtube e os links foram postados no twitter pelo @pclooping) e funciona como uma moldura perfeita e harmônica. A interpretação do pequeno Max Records está ótima. Ele consegue ser meio autista, meio mimado, meio chato e tudo isso sendo completamente fofo. Gosto dele quando ele sofre, gosto dele quando ele apronta, gosto dele quando ele está feliz e faz a gente se sentir feliz junto. Também gostei muito do visual do filme. A fotografia é muito interessante e a tosquice dos bichões refrescou um pouco os olhos tão acostumados com a computação gráfica e combinou com a idéia de singela imaginação que aquilo tudo devia representar. E quando acabou, levei um susto. Não parecia que o tempo tinha passado. Fiquei lá sentada até os créditos chegarem ao fim. Não queria que acabasse...
A história... A sutileza de tudo é o grande charme. Você precisa sentir o que os personagens falam (geralmente num tom bem bobo) para tudo fazer sentido. Meu estado natural, de equilíbrio, aquele para o qual eu tendo, é a tristeza. Acho que o filme fala no ouvido de quem é assim. E mostra o risco da necessidade de um Rei para ser feliz. Quando Carol pergunta se Max poderá protegê-los da tristeza, eu, lá na minha cadeira, senti que uma coisa muito especial estava acontecendo ali. E Max aceita o desafio de fazer a tristeza feliz. E só com o tempo vamos descobrindo que ele não foi o primeiro e que, o fim de todos os outros reis era ser devorado pelos monstros. Tal qual a gente faz com os Reis a quem confiamos todas as fichas das nossas felicidades. “Você vai falar bem de nós quando partir?”, é a preocupação de um dos monstros quando chega a hora de Max ir, e foi impossível não pensar em todos os reis que já tive, como e por que os devorei e o que deles sobrou comigo.
Max volta pra casa. Abraça a mãe com quem tinha brigado e naquela troca de olhares do final (lindo!) a gente fica na torcida para que Max tenha conseguido dominar seu Carol e tenha aprendido que a felicidade não precisa de nenhum soberano e pode ser tanto mais feliz quanto livre.
2 comentários:
Irônico: eu iria na mesma sessão que você, mas por causa da chuva eu acabei ficando preso e assisti a seguinte. Será porque era pra vc assistir sem amiguinhos por perto? rs.
O filme é perfeito. Confesso que quando ele acabou, fiquei com uma enorme sensação de que faltava algo. Mas com o tempo as peças começaram a se encaixar e percebi que era o objetivo dele deixar essa sensação. Comecei a ligar uma coisa com a outra, a lembrar de detalhes que não tinha reparado, a discutir com outras pessoas alguns pontos e filosofias, a compreender tudo... apesar de que ainda existe muito a ser compreendido e que muito jamais será. Não vou entrar em méritos de fotografia, dos monstros nem da fabulosa trilha, pra não me prolongar demais por aqui. No fim, a cada segundo que passa gosto mais e mais do filme e com certeza muito em breve estarei indo assistir novamente. É fato que com o tempo, se é que já não aconteceu, este filme vai se acomodar no meu top3.
E, ah, você vai gostar: http://www.terribleyelloweyes.com/
Beijo!
estava procurando essa sua crítica a algum tempo, havia esquecido do Ovo, hehe. mas enfim... Já vi o filme duas vezes e na segunda vez foi mais surpreedente ainda, pq ele não cansou ou pareceu repetitivo. A sua complexidade eh tal que permite que ele seja visto e revisto várias vezes antes de enjoar...
enfim, só estava curioso mesmo por ler esta crítica...
Postar um comentário