Lygia Bojunga , 1979
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
Para aquilo que for criança
Corda Bamba
Lygia Bojunga , 1979
Lygia Bojunga , 1979
Uma vez eu peguei um livro para ler por mera curiosidade. Estava lá no cursinho, todo mundo que ia fazer prova do Coltec ia ler, li também, embora não fosse fazer a prova. Lembro que comecei a ler no ônibus, onde deu tempo de eu ler o primeiro conto. Chorei. Chorei de verdade, daquele choro que começa na garganta, com um estalinho. Fechei o livro meio tímida, estava no ônibus. Foi uma surpresa muito grata ter lido aquele livro.
O livro era Tchau, da escritora infato-juvenil Lygia Bojunga. Pesquisando um pouco sobre ela – entorpecida pela beleza de Tchau – acabei me deparando com um nome familiar: A Bolsa Amarela, um clássico infantil. Arrumei o livro, li. Encantador.
Este post é sobre o primeiro livro que li este ano, Corda Bamba, lançado por Lygia em 1979. Não posso chamá-lo mais de grata surpresa, porque já esperava ficar encantada da maneira que fiquei. Ela é simples. Extremamente simples. Não complica uma vírgula no vocabulário, não tira uma frase da ordem direta. Os diálogos são carregados de coloquialismos e são sonoros. Os personagens de Corda Bamba têm voz. Se ficar em silêncio um pouquinho, você consegue ouvi-los falar.
Mas por outro lado, o olho que vê a história que está sendo contada, quando falamos de Lygia Bojunga, fica no coração e a história acaba sendo toda vista dali. Neste caso, a história de uma menina de dez anos que cresceu em um circo onde aprendeu a caminhar na corda bamba e que vai viver com a avó, uma senhora muito rica, com a morte dos pais, também equilibristas.
E é a história do esforço da pequena Maria para se equilibrar sobre a nova vida, como tantas vezes se equilibrou sobre a corda do circo, e enfrentar a nova realidade que a pertence embora, para tanto, só encontre caminho na sua fantasia de menina.
A narrativa lembra muito o estilo de Clarice Lispector, de Virginia Woolf. Chego a me aventurar dizendo que os livros de Lygia não devem nada aos de suas colegas. Só que, mais uma vez, falando do mesmo jeito, das mesmas coisas, mas de lugares diferentes. Por isso, não se deixe enganar! Pode parecer que é coisa para criança, mas é um jeito encantador de conversar um pouco com aquilo de criança que resta na gente.
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2 comentários:
O livro que mudou a minha vida *-*
Saudade d'A Bolsa Amarela!
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