"não sou um intelectual, escrevo com o corpo."
Clarice Lispector

segunda-feira, 1 de março de 2010

O problema era o verbo

O Cavaleiro Inexistente
Italo Calvino, 1959

Tudo começou com uma informação bombástica: como assim o Ítalo Calvino é CUBANO? Eu responderia, no Show do Milhão, valendo Um Milhão OU Trezentos Reais, que ele era italiano. Mas assim, ele é cubano que nem a Clarice Lispector é ucraniana, então você vai sempre encontrá-lo nas prateleiras de livros da Itália. Se essa informação era de conhecimento de todos, perdoem a efusividade. Sim, foi um parágrafo fútil, vamos seguir em frente!
 
Depois foi uma crise de riso! O Cavaleiro Inexistente possui momentos de um humor que beira sim o pastelão, mas que de certa forma me cativou. Quem estava perto viu minhas crises de riso. Rindo alto, até chorar... Não tem como não gostar de um livro que te faz ter uma crise de risos, né?
 
Acho que não tem mesmo muito como não gostar de um livro que tem uma história escrita por um pincel de genialidade como este. Um cavaleiro que não existe e não tem consciência disso, um louco que, não tendo consciência de si mesmo vive se confundindo com as coisas do mundo, uma mulher cavaleira que vive para correr atrás do amor do Cavaleiro Inexistente e é perseguida por um homem que vivia para perseguir o amor dela. E tem um personagem que chama Torrismundo. Sinto afeição por personagens chamados Torrismundos...
 
Mas apesar de tudo, tinha sempre uma pedrinha no caminho, que eu tinha dificuldade de identificar qual era. Mesmo com todos esses predicativos geradores de amor, acho que o que eu sentia era mais uma afeiçãozinha do que amor, amor de verdade. Aí comecei a tentar entender o porquê. Comparei com As Cosmicômicas, que eu quis achar divertido e não consegui. Mas no caso desse outro livro do Ítalo Calvino, concluí que não gostava porque não tinha conhecimento de física e astronomia para compreender o que ele queria dizer.
 
Mas eis que de repente, ficou claro! Descobri o que me incomodou, um detalhe tolinho que só vendo: o verbo! Ou antes, o tempo verbal! Definitivamente, tenho problemas com livros escritos no tempo presente, verbos no presente. Não me pergunte o motivo, mas descobri que é sempre assim. Sempre prefiro o pretérito perfeito...


Um comentário:

Lucas Amaral disse...

gacta, nao li ainda, mas se quer ver uma piada pronta, bota "carnet de voyage" no google juntamente com o nome do nosso fachadinha e divirta-se/enoje-se