Babel
Babel
Eua, 2006
Quando você lê Alejandro González-Iñárritu e se lembra de Amores Brutos ou de 21 Gramas, você já vai para Babel com o coração pesado, certo? Pois é, mais um filme de pesar o coração.
Na tela, drama. Do lado de cá, sentado no sofá, comendo a pipoca quentinha, assistimos ao drama dos irmãos marroquinos que provocam um desastre brincando com uma arma de fogo.
Na tela, Cate Blanchett (linda!) se contorce de dor e do lado de cá podemos sentir todo o medo que aquela personagem sente e que inocula em seu marido que não pode fazer nada além de se desesperar. Será que conseguimos assistir aos espaços de solidão da jovem japonesa que perde a calcinha e a cabeça sem participar dele? E conhecendo o diretor e as coisas que ele já fez aos outros personagens, é possível aliviar de algum modo a tensão que dividimos com a babá mexicana e seus meninos?
Um fato longínquo e os desdobramentos que ele tem ligando pessoas em vários lugares do mundo (uma vibe meio Crash) em um filme onde o tema seria a falha de comunicação. Mas eu vejo Babel como um uníssono. Em diversas linguagens, de diversas maneiras – cada um com a sua – os personagens estão todos falando do mesmo lugar: da solidão. Por mais diferentes que sejam os dramas, o que motiva todos eles é o medo de ficar sozinho, o medo de deixar sozinho... Seja o marido que não quer perder a mulher, ou a mulher que não quer perder a si mesma. Seja o irmão que não quer ser menos por não ser mais velho ou o irmão que, sendo mis velho, não quer perder amor e atenção para aquele que se esforça para tirar um atraso. A japonesa e o policial, a mexicana e o desespero: você precisa ir atrás deles, eles não podem ficar lá sozinhos.
Sim, Babel tem muito de angústia e não, ele não te alivia no final. Ele é angústia o tempo todo. Mas é lindo, e eu amei.
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