O Amigo Oculto
Hide and Seek
EUA, 2005
Se eu tivesse uma filha bonitinha, fofinha e talentosa para as artes dramáticas, eu acho que eu não ousaria não deixar que ela trabalhasse na TV, ou no cinema, ou no teatro. Mas eu acho que como mãe (que eu ainda não sou, leia-se) eu ia meio que ficar de olho no que minha criança ia interpretar. Porque para ela interpretar, ela precisa viver aquilo e tem coisa que eu não sei se seria legal para uma criança viver. Essa discussão vem muito a calhar nessa coisa da menininha-monstro-da-novela-das-oito. Sério que eu fiquei um pouco perturbada quando assisti a um capítulo que termina com um diálogo entre a menina e a (chatíssima) protagonista Helena. Se antes, a pressão que a menina fazia sobre a patroa da mãe podia ser vista como uma forma de manifestação da inocência infantil, depois do capítulo onde a menina diz, com todas as letras “eu não tenho medo de você, você é que deveria ter medo de mim” deixa claro que a relação da criança com o fato é o de chantagem e jogo de interesses. Coisa de gente grande.
Terminando do a novela, a Dakota Fanning ainda pequenina, aparece na minha televisão. Sempre que penso em crianças e em filmes de terror/suspense eu lembro de ter lido uma matéria na Internet sobre que fim levou o ator que interpretou aquela criança macabra de O Iluminado. Não deu em grande coisa... Tornou-se professor de biologia em uma escola pública nos EUA, nunca mais fez um filme e nem gostava de falar sobre sua curta carreira de ator. E olha que na infância, ele não assistiu ao filme como ele é, e sim uma versão editada especialmente para ele, que fazia com o que o longa soasse apenas como um drama.
Voltando à Dakota, acho que existe uma grande diferença entre a menina que cuida de seu pai com retardo mental no fofíssimo I´m Sam e a menina que vê a mãe morta na banheira cheia de sangue ou que escreve com sangue nas cortinas do banheiro. A mesma menina que gravou um episódio de CSI onde toda a família é morta em uma chacina da qual apenas ela e a irmã sobrevivem e que foi motivada pelos abusos sexuais que a menina sofria do próprio pai. Não sei que filme é, mas Dakota gravou um a cena de estupro quando tinha 13 anos de idade...
Eu sei que crianças são um recurso discursivo muito interessante. Eu mesma costumo ficar terrivelmente perturbada com crianças medonhas (Oi, Samara!) mas eu me pergunto até onde participar desse tipo de produção não pode ter uma interferência negativa na formação da criança e se vale a pena correr o risco já que a motivação é apenas a de promover entretenimento para outrem. Sei lá, um bebê de 9 meses, por exemplo, que grava uma cena terrível, tipo de um incêndio, fica exposto a um momento de horror: pessoas gritando, correndo, o choro, o fogo... A criança está segura, nada de mal vai acontecer a ela, mas naquele contexto, ela não entende que aquilo é ficção. Dá para garantir que ela não vá gravar aquilo na memória? Eu sei, não sou psicóloga, nem sou mãe, nem tenho uma opinião muito forte formada sobre isso não. Só estou divagando...
Até porque, sobre o filme em si não tem nada para falar. Ele é só mais um. Igual a todos os outros do tipo. Sem graça, sem sal, sem tensão. Um enredo fraco, desenrolado fracamente e com um final terrivelmente previsível, bobo e incoerente. Um filme bem chato, inclusive. Um desperdício a Robert De Niro, ator que muito me grada mas que faz melhor dedicando seu tempo a umas coisas como Entrando numa Fria (hauahauha sério!)
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