"não sou um intelectual, escrevo com o corpo."
Clarice Lispector

domingo, 14 de março de 2010

Fórmula 1 - O Retorno

Ironia do destino: Shumacher fez da Fórmula 1 uma coisa chata e foi um dos principais fatores que me fez deixar o gosto pelas corridas de lado. Mas agora, tenho que confessar que o retorno do Alemão corrobora com todo o amor que estou voltando a sentir por este esporte.
Fui parando com o tempo de acompanhar e depois foi difícil voltar. Comecei a assistir só Mônaco, Brasil e mais alguma que passasse em um bom horário. Lewis Hamilton me animou a espiar um pouco, para checar qual é que era a do “jovem fenômeno”, mas ele não me agradou. E a ascensão do Felipe Massa não serviu de motivação porque sou tomada por uma enorme antipatia por ele. Ano passado, a Brawn me animava a sentar e ver uma corrida inteira, mas não  suficiente para assistir Japão ou Austrália, por exemplo.

Enfim, este ano tudo mudou. Shumacher de volta, Alonso na Ferrari, muitos candidatos ao título, muitos brasileiros na pista e o mais legal de tudo: NOVAS REGRAS! Estou apaixonada por isso que eles chamam de Nova Fórmula 1. Acho a idéia de não poder colocar combustível muito boa e as trocas de pneus vão modificar muito a lógica das paradas como conhecíamos até então. Fórmula 1 é um esporte de nerd, de bastidor, de engenheiro. O melhor carro ganha. Fato. Então eu acho muito válido adotar essas medidas que estimulem a competição “de braço”, que incentive os pilotos a se agredirem mais, a partirem para cima. A estratégia da equipe, parar na hora certa, um pit-stop bem feito, tudo isso é muito interessante e muito emocionante, concordo. Mas a ultrapassem é o gol da corrida! É ela que enche os olhos. E quanto mais incentivada, mais pegas dentro das pistas e mais divertido fica. Daí também a mudança nas pontuações. Demorei um pouco a formular uma opinião, mas eu até que gostei. Ainda defendo que a diferença do vencedor pro segundo lugar devia ser ainda maior, que a vitória tinha que ser super valorizada, mas como está já está bom.

Hoje, no Bahrein tivemos uma corrida muito interessante. E muito emocionante também. E, para mim, que sou SUPER FÃ do Fernando Alonso, uma corrida bem feliz. A largada já foi linda, e eu fiquei bem satisfeita de ver o Alonso agressivo, pegando a posição do Massa. Vettel é um ótimo piloto, conseguiu se sair relativamente bem do problema com o carro e eu torci muito para que ele conseguisse pódio. Também achei que a BLABLABLA de Hamilton podia ter ousado um pouquinho, acreditado antes e preparar um ataque do inglês ao Brasileiro. Acho que Massa nunca dá conta do Hamilton no mano a mano. Fato.

Quantos aos carros, tirando a Lotus conseguir que seus dois carros completassem a corrida (alegria!) acho que a superioridade da Ferrari não surpreendeu ninguém, mas acho que a RBR decepcionou um pouquinho. Sei lá, esperava mais da estréia da Red Bull em 2010 e tava colocando muito fé nos carros dela. Mas o 4º lugar de Vettel (por causa dos pesares) e o 8º do Webber deixaram muito a desejar.

Quem sai feliz é a Ferrari que abriu a temporada com dobradinha. A exemplo do que aconteceu com Button e  Brawn no ano passado, correr no vácuo do outro neste começo de campeonato ainda é a melhor pedida.  A equipe que entra mais “quente” e consegue se aproveitar deste momento em que as outras ainda estão “frias” costuma colher bons resultados.

No caso da disputa pessoal entre os pilotos de vermelho, gostaria de expressar aqui minha indignação com a Rede Globo. Palhaçada. Para a Ferrari, o importante é vencer o Construtores e emplacar um de seus pilotos campeão. Não importa qual neste caso. Claro que vai acontecer de, mais pra frente, ela começar a beneficiar um deles, é da política da equipe, mas o nome de quem vai ser o beneficiado está começando a ser escrito agora. Este ano eu acredito, de verdade, que não havia favoritismo e Felipe e Alonso começaram em pé de igualdade.  Alonso se mostrou superior. Deu pra ver isso claramente na largada. (Massa comemorou demais largar na frente, alguém devia ter contado pra ele que treino é treino e jogo é jogo). Fernando Alonso deu um importante passo rumo ao posto de primeiro piloto (que existe, né, gente? Vamos ser realistas) vencendo a primeira corrida na escuderia – mesmo tendo largado atrás do companheiro de equipe – e os benefícios que ele vier a receber estarão sempre ligados ao mérito que ele teve nos primeiros passos da campeonato.

Além de tudo: é LINDO!


Ah, e só pra terminar, Shumacher pode até ter terminado em 6º, mas definitivamente, não dá pra dizer que ele foi um mero coadjuvante nesta estréia. 

O filme do Oscar

Guerra ao Terror 
The Hurt Locker
EUA, 2009

Eu me lembro que, quando assisti Fomos Heróis (do Mel Gibson) fiz uma promessa solene: nunca mais assistiria a filmes de guerra. Mais pra frente me esqueci disso e comecei a assistir Falcão Negro em Perigo e, com uns 15 minutos de filme, me lembrei da promessa e de porque eu havia prometido: a vida já tem percalços demais e eu já sofro por um tanto de coisas. Não preciso sofrer também no momento de entretenimento que é ver um filme, né? Não, não gosto de filmes de guerra, obrigada.
 
E de repente, no ano que Avatar revoluciona o cinema, um filme de Guerra rouba a cena. E o Oscar. Essa foi a história de como eu quebrei a promessa e voltei a ver filmes de guerra.
 
O que me irrita neste gênero é sempre o excesso de parcialidade. Não falo só em ter um lado bonzinho (ou, os Estados unidos da América) e um lado malvado (Alemanha nazista, Vietnã, etc. e tal). Falo mais. Há uma parcialidade muito grande na formação do caráter dos personagens. Existem os bons e os maus. Os que lutam pela pátria, para proteger o lar de seu filho pequeno e de sua doce e loira esposa que ficou na América e os que lutam por ganância ou pela perversão de cometer as atrocidades que a guerra permite. Em Guerra ao Terror os personagens são redondos. Possuem bem, mal, orgulho, medo, preguiça e motivações que se misturam e se revezam em suas cabeças e seus corações. Isso faz deste um filme diferente. Pela primeira vez ele não é pretensamente humanizado. Ele é, realmente, humanizado.
 
O que mais me encantou foi a direção. Acho que foi maravilhosamente orquestrado. O roteiro eu achei um pouco maçante, achei que faltou um pouco de criatividade e super acho que mesmo um filme como Guerra ao Terror comporta criatividade estrutural. Também gosto muito da direção de arte, acho que ficou um filme visualmente muito interessante. É bonito e, mesmo mostrando um espaço que já foi completamente dominado pelo clichê – os campos de batalha – o filme consegue construir uma Bagdá em guerra que chega quase a ser surpreendente.
 
Gostei. Não consegui achar a última bolacha do pacote, mas é um bom filme de guerra, o que é complicado. E o que eu acho mais interessante é que Kathryn Bigelow toca na ferida dos EUA em um momento tenso, mas não podemos dizer que ela foi dominada por um #filmesbrasileirosfeelings e se colocou a escancarar opiniões que destroem a imagem do país (como os Cidade de Deus e os Central do Brasil da vida), mas por outro lado, ela não deixou de fazer sua crítica política e humanitária mostrando que dá para ser engajado sem ser panfletário. E acho que é aí que Guerra ao Terror brilha e com mérito.

Heróis Crowenianos

 Jerry Maguire - A grande virada
Jerry Maguire
Eua, 1996

Mostrar ao um homem que a efemeridade do sucesso e transformá-lo, ás custas de muitas provações, em uma pessoa melhor é o trabalho de Cameron Crowe. Seja este homem um agente esportivo, um astro d rock, um filhinho de papai ou um design vaidoso (?) e workaholic, ele vai aprender sobre aquilo que devemos valorizar na vida e por uma razão em especial: por ser sólido. Nos filmes de Cameron Crowe, sucesso, fama, reconhecimento e até a realização de certos sonhos nada mais são que alegrias frágeis, passiveis de serem rompidas a qualquer momento. Ao passo que é no encontro com si mesmo e com o outro (e estamos falando aqui de amor, de respeito, de união tanto consigo mesmo quanto com aqueles que o cercam) que se estabelece a felicidade que é duradoura, eterna e, por isso, realmente importante.
 
Jerry Maguire se encontra consigo mesmo, ele se conhece e se reconhece e é nisso que constitui a “grande virada” mencionada pelo (famigerado) subtítulo da versão brasileira. Ele vai se tornar um novo homem quando se depara com a nova vida que passa a ter diante de si, quando todos os seus sonhos se desmoronarem, ele vai conseguir, das cinzas, construir uma nova e diferente vida. O roteiro é maravilhosamente redondo, a história, de uma fofura sem igual. Gosto do Tom Cruise. Acho que ele é bom para interpretar esses tipos de sucesso que freqüentam o inferno antes da grade virada.
 
Bom, em Jerry Maguire falta aquilo que mais me encanta nos filmes de Crown: a trilha sonora deixa muito a desejar. Neste filme, a música não é mais um personagem (como acontece em Quase Famosos, Vanilla Sky e Elizabethtown), e chega a passar batida. Uma pena. Mas há um compensação bastante que satisfatória que é...
O Ray! A melhor criança da história do cinema!
 
Definitivamente, eu amo o Cameron Crowe!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Na Natureza Humana

Na Natureza Selvagem
Into the Wild
Eua, 2007

Na Natureza Selvagem é muito mais que um filme, é uma experiência sensível. Um filme que vai interagir com quem assiste capturando os olhos, os ouvidos e, justamente no somatório disso tudo, o coração.
 
A história do jovem Christopher McCandless tinha tudo para ser chata. Grosso modo, fala da aventura de um jovem de classe média alta que rompe com a família e com a vida que tem para correr mundo em busca de liberdade. Seu objetivo passa a ser o auto-conhecimento e ele resolve então partir para a maior experiência de sua vida: uma existência totalmente solitária e isolada no Alasca. Em momento algum ele se assemelha a um rebelde sem causa ou a um insatisfeito crônico. Ele é tão coerente e tão independente do mundo na sua busca que em momento algum ele se passa por mais um garoto rebelde.
 
Mas contar esta história poderia ter sido uma tarefa chata, muito chata. Não foi. A fragmentação do roteiro e a narração da irmã de Christopher vão dar ao filme um ritmo muito bom. Além disso, é embalado por uma trilha sonora sensacional e por paisagens de uma beleza extremamente melancólica, assim como a voz do Eddie Vedder. Casamento perfeito. Na Natureza Selvagem é um filme que conduz e conduz para dentro. Daí ele se tornar tão especial para tanta gente. É o filme de alma, ou antes, de tudo o que é jovem e essencialmente nobre e bom em uma alma humana.
 
***Spoiler***
Duas coisas que eu queria dizer sobre a história ou as duas lições que eu tirei dela:
1.    O destino de Christopher mostra que todo mundo que leva a vida a ferro e fogo acaba morrendo sozinho e de uma morte suficientemente lenta para que dê tempo de se pensar em todas as concessões não feitas e em toda a flexibilidade não praticada. Concordo demais. Mas não estou com saúde para pensar se trata-se de uma morte feliz ou infeliz.
2.    O último pensamento de Christopher: tratar as coisas pelo seu verdadeiro nome, é uma lição que a gente deveria aprender assim que sai da barriga da mãe. Tratar as coisas por seu nome, mesmo que esse nome pareça exótico, inadequado, precipitado, - trate as coisas pelo verdadeiro nome delas! Nada de apelidos ou pseudônimos! Coragem para aceitar o que elas são e arcar com conseqüências, que é, inclusive, outro mensagem bem forte neste filme.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Gênio Principiante

A revoada: o enterro do Diabo
Gabriel García Márquez, 1955

Como eu digo, amo o Gabriel García Márquez porque ele escrever melhor que o Saramago. Volta e meia tenho para mim que ele escreve melhor que todo mundo do mundo.
 
A Revoada é um ótimo livro, mas prova que nem o gênio nasceu maduro. Mas por outro lado, a Revoada vai deixar muito claro o que será o trabalho do autor dali para frente. Ainda meio sem consistência, o texto transita naquele espaço entre a prosa e a poesia e, como será sempre dali para frente, o conteúdo é coadjuvante onde a forma protagoniza.
 
A história se passa em Mocondo, onde a família Buendía viveria seus cem anos de solidão, e narra a tarde em que o Doutor, figura mais odiada do vilarejo, se mata. Ficamos com o que se passa na cabeça do Coronel, que anos atrás acolheu o morto em sua casa e que o manteve até que ele engravidasse sua filha adotiva. Também temos o que pensa a filha legítima do coronel que não se lembra do tempo que aquele homem conviveu em sua casa, mas que se lembra da irmã adotiva e do que ela se tornou depois de viver com aquele homem que agora morreu. Além do neto do cronel, garoto que nunca tinha visto um morto antes.
 
Um livro bonito, de construções mentais – que te convida a construir personagens a partir daquilo que recordam deles – e que tem toda aquela poesia.
 
É estranho ler A Revoada depois de ter lido mais Gabriel García Márquez. Mas é legal perceber que a consistência, que é a característica mais brilhante do autor (que é etéreo e consistente ao mesmo tempo) vai surgindo com o tempo.

Pearl Jam (COLUNA) A melhor banda de todos os tempos da última semana


Essa coluna vem para falar das minhas modinhas musicais. Funciono assim com música. Modinhas. Vez ou outra eu invento de gostar de alguma coisa e aí fico ouvindo só aquilo te enjoar e trocar de modinha.
 
Então. Vamos à modinha atual: Pearl Jam.
 
Se eu gosto de Pearl Jam? Então... Complicado. Gosto de Last Kiss, assim, a resposta deveria ser não, não gosto de Pearl Jam. Porque é o que diz a lenda: gostar de Last Kiss significa que não gosta da banda. Mas receio que eu goste.
 
Não há nenhum CD que me agrade por inteiro. Não coloco nenhum e ouço inteiro. Acho o Ten o melhor, mas ainda assim ele tem músicas que não me agradam. Por outro lado, pegando toda a discografia da banda, devo tirar umas 30 músicas. Mas aí, essas 30 músicas eu AMO! Mas amo muito mesmo. Alive, Better Man e Daughter são as novas músicas da vida. E tem também Man of the hour e a própria Last Kiss, além da tradicional Black que são ótimas. E Bugs, uma música muito exótica. 

Então, neste momento da minha vida, eu digo que SIM! Gosto de Pearl Jam. Especialmente da voz do Eddie Vedder, que é muito bonita e triste. Vamos ver até quando dura minha vibe grunge

Para os fortes, mas pra os fracos também

Onde os fracos não tem vez
No Country for Old Men
Eua, 2007

Alguém tinha me falado um coisa relevante sobre o filme antes de eu ver. Não lembrava de jeito nenhum o que era. Baixei e beleza, bora ver o filme que ganhou o Oscar.

Eu não tenho muito o que dizer sobre este filme. Eu curti, curti bastante até. Assim, eu nunca tinha visto nada dos irmãos Cohen. O filme tem um ritmo bastante próprio. Tem a lentidão de um faroeste, tem sangue como um filme de gangster e tem o Javier Bardem. Definitivamente ele não é um homem que me apetece. Sei lá, ele mais me inibe que qualquer outra coisa. Concordo muito com essa coisa de ele ser testosterona pura não. Mas neste filme ele faz um dos personagens mais interessantes que eu vi nos últimos tempos. O filme requer algum estômago e é muito exótico, mas é legal.

Vamos à história: um assassino muito frio e muito estranho caçando um sujeito que, por um (in)feliz acaso, encontra uma fortuna que pertence ao matador que está disposta a tudo para reaver sua fortuna. Enquanto isso, tudo que o xerife interpretado pelo Tommy Lee Jones quer prender o assassino antes que mais gente morra.

O roteiro não te dá todas as informações que existe, é o que eu sinto. Parece que contam uma história como se nós, que vamos ouvi-la, conhecêssemos uma série de fatos que a gente não conhece. A atmosfera em torno é bem estranha. Mas eu achei bem legal.

Aí, quando o filme terminou, eu lembrei o que foi que me disseram antes de eu assistir.  Tem a ver com o final. Não vou contar, nem com spoiller, porque é legal assistir com essa expectativa maluca.

Uníssono

Babel
Babel
Eua, 2006

Quando você lê Alejandro González-Iñárritu e se lembra de Amores Brutos ou de 21 Gramas, você já vai para Babel com o coração pesado, certo? Pois é, mais um filme de pesar o coração.
 
Na tela, drama. Do lado de cá, sentado no sofá, comendo a pipoca quentinha, assistimos ao drama dos irmãos marroquinos que provocam um desastre brincando com uma arma de fogo. 
Na tela, Cate Blanchett (linda!) se contorce de dor e do lado de cá podemos sentir todo o medo que aquela personagem sente e que inocula em seu marido que não pode fazer nada além de se desesperar. Será que conseguimos assistir aos espaços de solidão da jovem japonesa que perde a calcinha e a cabeça sem participar dele? E conhecendo o diretor e as coisas que ele já fez aos outros personagens, é possível aliviar de algum modo a tensão que dividimos com a babá mexicana e seus meninos?
 
Um fato longínquo e os desdobramentos que ele tem ligando pessoas em vários lugares do mundo (uma vibe meio Crash) em um filme onde o tema seria a falha de comunicação. Mas eu vejo Babel como um uníssono. Em diversas linguagens, de diversas maneiras – cada um com a sua – os personagens estão todos falando do mesmo lugar: da solidão. Por mais diferentes que sejam os dramas, o que motiva todos eles é o medo de ficar sozinho, o medo de deixar sozinho... Seja o marido que não quer perder a mulher, ou a mulher que não quer perder a si mesma. Seja o irmão que não quer ser menos por não ser mais velho ou o irmão que, sendo mis velho, não quer perder amor e atenção para aquele que se esforça para tirar um atraso. A japonesa e o policial, a mexicana e o desespero: você precisa ir atrás deles, eles não podem ficar lá sozinhos.
 
Sim, Babel tem muito de angústia e não, ele não te alivia no final. Ele é angústia o tempo todo. Mas é lindo, e eu amei.  

Baixa mesmo.

Cidade Baixa
Cidade Baixa
Brasil, 2005

Quando eu era pequena, meus pai e minha mãe não me deixavam ver filmes nacionais. Acavam que filme brasileiro era sinônimo de sexo, sexo e mais sexo. Nasci no fim da década de 80, eles têm os motivos deles.
Quando chegou minha vez de formar minha opinião sobre cinema nacional, acabei associando a Guel Arraes. Talvez porque nunca tive coragem de ver os clássicos como Cidade de Deus e Carandiru (vou mudar isso logo, logo, prometo).

Mas quando eu vejo um filme como Cidade Baixa, sempre recordo o preconceito que meus pais têm com o cinema nacional. Sério, eu devia ter contado quantas vezes a palavra porra foi repetida. Em praticamente todas as frases. Um excesso irritante que deixa a coisa tão forçada, que todo o resto parece forçado também. Um elenco muito bom faz um filme que, se quis ser um filme forte, interessante ou coisa assim, falhou feio.
Conta a  história de dois amigos de longa data que se apaixonam pela mesma mulher (inédito!), uma prostituta interesseira que no começo parece estar testando as possibilidades de vantagem sobre os moços, mas que depois acaba revelando uma certa perversão em enlouquecer os dois amigos. Palavrão e sexo, sexo e palavrão. E só. Não me venha falar que a fotografia é linda, que retrata um cotidiano, que expressa a tradição de... Como eu já disse, se era a intenção, o objetivo se perdeu em um filme tão forçado.

Aliás, minto. Se você acha um cara tudo de bom e fica com nojinho dele, isso significa que o cara é um ótimo ator? Porque se sim, parabéns Wagner Moura, você é um grande ator. Eu acho. Curto muito. Capitão Nascimento foi um personagem bacana e tal, mas neste filme, o personagem dele me deu nojo. E a Alice Braga é boa atriz, né? Não demora ela estar aí mandando beijo pro Maneco ou pro Gilberto Braga e fazendo uma personagem pseudocomplexa em uma novela das oito...

Procurando um Defeito

Procurando Nemo
Finding Nemo
Eua, 2003

Já vi Procurando Nemo mil vezes. Resolvi ver a milésima primeira vez com um objetivo bem definido: encontrar um defeito. Não vou fazer suspense não: não achei!
Primeiro porque o roteiro é perfeito. Começa bem nos valores diluídos e reproduzidos pela história. Procurando Nemo valoriza o respeito à sabedoria do mais velho: Nemo desobedece o pai e se dá mal. Mas por outro lado, o filme nos mostra que a intransigência estimula rebeldias falidas. Como se não bastasse, temos a nadadeira pequenina do Nemo que mostra que a falta de coragem é a única deficiência que pode impedir um peixe de viver uma grande aventura. (nadadeira da sorte: lindo!)
A fotografia é mole de ser linda: o fundo do mar é lindo! E Procurando Nemo não desperdiça as cores e as criaturas exóticas que a qualidade técnica  das animações da Pixar reproduzem lindamente.
O humor de Procurando Nemo funciona, os personagens são realmente engrados (Dory, Crush, os peixes do aquário do dentista...) e a trilha, se não é genial (beijos, Up, te amo) tem aquela coisa de maresia que é deliciosa.
Nem do DVD eu vou poder falar mal. Aliás, ainda escrevo um post em homenagem ao hábito de consumir DVDs. Mas enfim, este DVD eu recomendo! Baratinho (o meu foi 12,99 nas Lojas Americanas), bem acabado (caixinha, arte do CD, etc) e além disso, o menu interativo consegue ser REALMENTE engraçado.

Tá-xI!

Táxi
Taxi
Eua, 204

Se você está louco para comer comida japonesa, que você adora, onde você prefere ir? A um ótimo restaurante japonês ou à praça de Alimentação de um Shopping? O que você pensa sobre pizza no Habibb´s? Diversidade é uma delícia, mas na hora de pensar em qualidade, especialização ainda é a melhor pedida (insira aqui sua crítica à soceidade que busca “Profissionais complestos” os famosos especialistas em porcaria nenhuma).
 
Todo esse blábláblá é para comentar a única coisa que este filme tem para ser comentado: Gisele Büdchen (que eu adoro!). Ela é uma modelo inclassificável, figura sozinha em uma categoria estrondosa, criado só para ela. Ela já é A MODELO, para que ser atriz?
 
Já vou começar defendendo a Gisele: vi o filme dublado. Aí a coisa já fica toda mais tosca, né? (auto defesa: a única forma de ver este filme é na Globo, domingo, na hora do almoço). Mas mesmo que não fosse, Taxi é uma exposição desnecessária em uma carreira brilhante. Não que os dotes de atriz de Gisele tenham sido muito requisitados (e quando foram, ela não correspondeu), mas as cenas sensuais e os momentos em que a única coisa que ela precisou fazer foi ser bonita, foram de uma falta de necessidade gritante.
 
No mais, o filme dispensa comentários: chato, bobo e cheio de uma graça sem graça. Insuportável. Tão ruim que nem Gisele salva.

segunda-feira, 1 de março de 2010

O problema era o verbo

O Cavaleiro Inexistente
Italo Calvino, 1959

Tudo começou com uma informação bombástica: como assim o Ítalo Calvino é CUBANO? Eu responderia, no Show do Milhão, valendo Um Milhão OU Trezentos Reais, que ele era italiano. Mas assim, ele é cubano que nem a Clarice Lispector é ucraniana, então você vai sempre encontrá-lo nas prateleiras de livros da Itália. Se essa informação era de conhecimento de todos, perdoem a efusividade. Sim, foi um parágrafo fútil, vamos seguir em frente!
 
Depois foi uma crise de riso! O Cavaleiro Inexistente possui momentos de um humor que beira sim o pastelão, mas que de certa forma me cativou. Quem estava perto viu minhas crises de riso. Rindo alto, até chorar... Não tem como não gostar de um livro que te faz ter uma crise de risos, né?
 
Acho que não tem mesmo muito como não gostar de um livro que tem uma história escrita por um pincel de genialidade como este. Um cavaleiro que não existe e não tem consciência disso, um louco que, não tendo consciência de si mesmo vive se confundindo com as coisas do mundo, uma mulher cavaleira que vive para correr atrás do amor do Cavaleiro Inexistente e é perseguida por um homem que vivia para perseguir o amor dela. E tem um personagem que chama Torrismundo. Sinto afeição por personagens chamados Torrismundos...
 
Mas apesar de tudo, tinha sempre uma pedrinha no caminho, que eu tinha dificuldade de identificar qual era. Mesmo com todos esses predicativos geradores de amor, acho que o que eu sentia era mais uma afeiçãozinha do que amor, amor de verdade. Aí comecei a tentar entender o porquê. Comparei com As Cosmicômicas, que eu quis achar divertido e não consegui. Mas no caso desse outro livro do Ítalo Calvino, concluí que não gostava porque não tinha conhecimento de física e astronomia para compreender o que ele queria dizer.
 
Mas eis que de repente, ficou claro! Descobri o que me incomodou, um detalhe tolinho que só vendo: o verbo! Ou antes, o tempo verbal! Definitivamente, tenho problemas com livros escritos no tempo presente, verbos no presente. Não me pergunte o motivo, mas descobri que é sempre assim. Sempre prefiro o pretérito perfeito...


Um filme, pouca história, muito assunto

O Amigo Oculto
Hide and Seek
EUA, 2005

Se eu tivesse uma filha bonitinha, fofinha e talentosa para as artes dramáticas, eu acho que eu não ousaria não deixar que ela trabalhasse na TV, ou no cinema, ou no teatro. Mas eu acho que como mãe (que eu ainda não sou, leia-se) eu ia meio que ficar de olho no que minha criança ia interpretar. Porque para ela interpretar, ela precisa viver aquilo e tem coisa que eu não sei se seria legal para uma criança viver. Essa discussão vem muito a calhar nessa coisa da menininha-monstro-da-novela-das-oito. Sério que eu fiquei um pouco perturbada quando assisti a um capítulo que termina com um diálogo entre a menina e a (chatíssima) protagonista Helena. Se antes, a pressão que a menina fazia sobre a patroa da mãe podia ser vista como uma forma de manifestação da inocência infantil, depois do capítulo onde a menina diz, com todas as letras “eu não tenho medo de você, você é que deveria ter medo de mim” deixa claro que a relação da criança com o fato é o de chantagem e jogo de interesses. Coisa de gente grande.
 
Terminando do a novela, a Dakota Fanning ainda pequenina, aparece na minha televisão. Sempre que penso em crianças e em filmes de terror/suspense eu lembro de ter lido uma matéria na Internet sobre que fim levou o ator que interpretou aquela criança macabra de O Iluminado. Não deu em grande coisa... Tornou-se professor de biologia em uma escola pública nos EUA, nunca mais fez um filme e nem gostava de falar sobre sua curta carreira de ator. E olha que na infância, ele não assistiu ao filme como ele é, e sim uma versão editada especialmente para ele, que fazia com o que o longa soasse apenas como um drama.
 
Voltando à Dakota, acho que existe uma grande diferença entre a menina que cuida de seu pai com retardo mental no fofíssimo I´m Sam e a menina que vê a mãe morta na banheira cheia de sangue ou que escreve com sangue nas cortinas do banheiro. A mesma menina que gravou um episódio de CSI onde toda a família é morta em uma chacina da qual apenas ela e a irmã sobrevivem e que foi motivada pelos abusos sexuais que a menina sofria do próprio pai. Não sei que filme é, mas Dakota gravou um a cena de estupro quando tinha 13 anos de idade...
Eu sei que crianças são um recurso discursivo muito interessante. Eu mesma costumo ficar terrivelmente perturbada com crianças medonhas (Oi, Samara!) mas eu me pergunto até onde participar desse tipo de produção não pode ter uma interferência negativa na formação da criança e se vale a pena correr o risco já que a motivação é apenas a de promover entretenimento para outrem. Sei lá, um bebê de 9 meses, por exemplo, que grava uma cena terrível, tipo de um incêndio, fica exposto a um momento de horror: pessoas gritando, correndo, o choro, o fogo... A criança está segura, nada de mal vai acontecer a ela, mas naquele contexto, ela não entende que aquilo é ficção. Dá para garantir que ela não vá gravar aquilo na memória? Eu sei, não sou psicóloga, nem sou mãe, nem tenho uma opinião muito forte formada sobre isso não. Só estou divagando...
 
Até porque, sobre o filme em si não tem nada para falar. Ele é só mais um. Igual a todos os outros do tipo. Sem graça, sem sal, sem tensão. Um enredo fraco, desenrolado fracamente e com um final terrivelmente previsível, bobo e incoerente. Um filme bem chato, inclusive. Um desperdício a Robert De Niro, ator que muito me grada mas que faz melhor dedicando seu tempo a umas coisas como Entrando numa Fria (hauahauha sério!)

Isso sim é comédia Romântica!

Casamento Grego
My Big Fat Greek Wedding
EUA, 2004

Já disse que o fato de eu AMAR (500)Dias com Ela e morrer defendendo que este é um filme que é mais que uma simples comédia romântica não deve ser interpretado como alguma implicância contra as comédias românticas. Não é o caso. Mesmo!
 
Casamento grego! Sempre que passa na televisão, assisto sorridente. Acho muito engraçadinho e muito bonitinho. É sempre bom ver o amor vencendo estereótipos tão rígidos como o da beleza, é bom ver um amor cheio de tolerância, é bom  ver que existe um amor que é altruísta e estranho, mas é forte demais, como o amor familiar. É bom assistir a este tipo de coisa na TV, seja para descansar da realidade dura da vida (se você acredita que a vida é dura) ou para contemplar uma das maneiras como o amor pode bater na sua porta (se você é um romântico). Ou ainda, só para ocupar uma tarde a toa mesmo.
 
A história é de uma moça grega, Tula, que cresceu nos EUA sem que a família, no entanto, se desligasse dos costumes da terra natal. Depois de crescer se sentindo feia, estranha e rejeitada, Tula conhece um homem interessantemente americano e os dois se apaixonam. Mas para que eles possam ficar juntos, o rapaz vai ter que se inserir na realidade daquela família que soa tão estranha para ele, o que ele está disposto a fazer de bom grado, para poder ficar ao lado da mulher que ama.
 
O humor é de trapalhadas, bem pastelão mesmo, com direito a tombos e mal entendidos. Mas o discurso do pai da Tula no fim das contas tem qualquer coisa de comovente.

Tempos perdidos

Pulp Fiction - Tempo de Violência
Pulp Fiction
EUA, 1994

Perdi muito tempo da minha vida, tempo que eu ainda não havia visto Pulp Fiction, filme que sempre fui louca para ver. Valeu a pena esperar, com certeza!
 
Primeiro vou falar do que eu sinto pelos filmes do Tarantino. Acho que ele é o cara que consegue sempre me surpreender sem me irritar. Eu vivo batendo na tecla de que não gosto de reviravoltas. Mas de surpresa boa todo mundo gosta. E os filmes do Tarantino são cheios delas. Seja pela trilha sonora que, quando você menos espera, vem com uma música que cai como uma luva embora fosse a última que você pensaria em colocar ali. Gosto da trilha de Pulp Fiction demais. Uma Thurmam (será que eu preciso escrever mais uma parágrafo pra ela, para deixar aqui registrado o quanto eu a amo?) cantando e dando uma dançadinhas enquanto John Travolta tem toda uma conversa interior no banheiro é uma cena antológica. Gosto muito. Também me agrada o modo como a história se desenvolve: praticamente casos isolados, pequenas histórias individuais. Qualquer núcleo resistira sozinho. Depois eles vão se unir e aí, o fio que vai juntar tudo é um fio que surpreende muito mais na forma do que no conteúdo, logo, adoro!
 
Gosto dos personagens. Por um momento achei que o John Travolta podia trocar de personagem com o Bruce Willis, mas depois me dei conta de que seria uma péssima idéia. E, de verdade, um filme que tem a Mia Wallace, já tem 70% do sucesso garantido!
 
Mas, porém, contudo, todavia... tenho que confessar que eu prefiro Kill Bill. Porque como diria Budd Sheldon “Aquela mulher merece a sua vingança”. Em Kill Bill a matança desenfreada e o excesso de violência possuem uma raiz de justiça. Em Pulp Fiction a violência tem qualquer coisa de gratuita. Sim, as pessoas se estraçalham cada uma por um motivo, mas nenhum parece tão justo e compreensível como o de Beatrix Kiddo...
 
E só pra fechar, Bastardos inglórios é muito mais sensacional que Pulp Fiction e até mesmo que Kill Bill.




Porque eu sou mais uma comédia romântica

(500) Dias com Ela
(500) Days of Summer)
EUA, 2009

** Cheio de Spoiller! Só para quem já viu ou não se importa de saber o final**

(500)Dias com ela ganhou um status meio psicopata na minha vida. Fale da minha mãe, mas não falem mal dele. Então, como eu já falei dele lá no Placebo quando eu assisti no cinema, vou dedicar este post a explicar porque eu não acho que trata-se de uma comédia romântica comum. Sim, é uma comédia romântica, você pode chamá-la assim, mas não está diante de mais um filminho bobildo e meloso porque...
1. Não se trata de um filme convencional início-meio e fim como os hits para adolescentes. O filme pica os 500 dias em um formato muito interessante e vai dando pistas com aquela arvorezinha fofa que aparece entre um dia e outro. Quando você vê o filme mais de uma vez, ou, se parar com atenção e montar a cronologia na cabeça, dá pra ver como a história se desenrolou de uma forma pertinente
2. Ele não tem medo do piegas! Se fosse um romance adolescente qualquer, ele teria toda uma preocupação em não ser piegas como os adolescentes costumam ser, porque não há nada mais desagradável do que reconhecer seu lado ridículo no cinema. (500) Dias com ela é piegas sem medo nenhum de ser feliz. Com direito a passarinho de animação e cena de musical. Esse momento de bobagem é de uma ousadia que só caberia em um filme que definitivamente não fosse bobo.
3. Ele não é nada obvio. Mesmo os personagens estereotipados clássicos dos filmes teens, como o amigo meio maluco do protagonista ou uma amizade meio bizarra com alguém, como a amiguinha do Tom, no caso deste filme, recebem uma conotação diferente e destinos diferentes. Tem uma cena em que o chefe e o melhor amigo do Tom gravam depoimentos para falar de suas companheiras que é simplesmente linda e que representa uma troca de linguagem muito sofisticada para uma comédia romântica bobinha.
4. Porque o roteiro da história é demasiado denso. Claro, você pode sentar e até ver um “viveram felizes para sempre” embora não seja um felizes para sempre assim muito tradicional. E você pode pensar que essa falta de tradicionalismo é a tendência. Mas se você quiser enxergar a riqueza da história, ela está lá. Talvez porque tenha materializado exatamente o que eu penso sobre o amor. Aquela conversa final entre a Summer e o Tom, onde ela diz que tudo o que ele havia dito sobre o amor o tempo todo estava certo... E ela estava ali, prova viva, confirmando toda aquela teoria que as comédias românticas vivem tentando comprovar e que parecem mentira, mas (500) Dias com ela mostra que não necessariamente são. Se fosse um pique esconde, este seria o filme que salvaria todos no final, que daria às comédias românticas água com açúcar uma razão de ser.
5. Porque a história é plausível demais para ser uma comédia romântica tolinha, normalmente, muito fantasiosa. Sim, minha gente, super plausível! 500 dias é MUITA COISA e dá sim, para tudo acontecer daquela forma que aconteceu. Pode acreditar na verossimilhança!
Só para constar, eu não tenha nada contra comédia romântica se ela for tolinha e despretensiosa. Só faço toda essa ressalva sobre este filme porque definitivamente, ele é uma coisa grande demais para ser visto com olhos de quem só enxerga o óbvio. Não caia nessa bobagem ou você perde a melhor parte!

Mead me entenderia...

Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos
Mujeres al Borde de un Ataque de Nervios
Espenha,1988

Adoro citar Mead, um teórico muito lido pela Comunicação que define o processo comunicativo por uma “troca simbólica reciprocamente referenciada”. Em alguns casos, gosto de usar esse argumento para definir uma coisa de que eu não gostei. Porque tem coisas de que eu não gosto porque elas parecem não dizer nada para mim.

Mulheres à beira de um ataque de nervos foi minha estréia em Pedro Almodovar. Sempre tive curiosidade de conferir o trabalho dele muito por aquilo de que a gente sabe quem é o Wood Allen, o Tarantino, o Spilberg e o Almodovar, e do Almodovar eu só conhecia a fama das cores. E receio que tenha sido a única coisa que eu tenha gostado neste filme.

A história é meio bizarra, dessas que a gente não consegue traçar um início meio e fim, mas grosso modo podemos dizer que é a história de uma mulher que precisa desesperadamente falar com o amante que a deixou, mas que não consegue por uma série de percalços que incluem eventos muito, muito loucos.

Não consegui entrar naquele universo. Achei muito bonito, uma cores muito bacanas, sempre muito fortes, umas tomadas bem interessantes e tudo. Mas aqueles figurinos anos 80 (justos, eu sei) e as situações tão insólitas me deixaram terrivelmente incomodada. Acredito que deve ter havido uma falha de comunicação entre Patrícia e filme porque, depois, conversando com o meu amigo que me passou o torrent, eu até consegui ver alguma graça naquilo que antes simplesmente não fazia sentido algum pra mim.

Ainda pretendo ver mais filmes do Almodovar. Vou tentar alguns mais recentes porque confesso que o Antônio Bandeiras naquela juventude toda me perturbou um pouquinho também. Aguardem novos pitacos sobre o tema!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Yes! We Can!

Percy Jackson e o Ladrão de Raios
Percy Jackson & the Olympians: The Lightning Thief
EUA, 2010

Então, lá fui eu pro cinema, com mil filmes que eu super queria ver, ver exatamente o que pouco me interessava (aniversário do irmão mais novo é o contexto). E para a minha grande surpresa, oi? Não perdi o dinheiro do meu ingresso não!
 
Achei muito divertido. De verdade. Talvez o pulo do gato seja a despretensão. O filme quer ser divertido e quer que meu irmão de 12 anos e escolha lá no painel. Aí dá certo.
 
A história é bem non sense: no nosso mundo, existem vários semideuses perdidos por aí, filhos de mortais e deuses gregos. Até que os raios de Zeus são roubados e ele, que suspeita do inocente filho de Poseidon (que nem sabe que tem um pai tão especial) ameaça começar uma guerra. Na confusão, a mãe mortal de Percy é raptada por Ares e o rapaz resolve descer ao inferno para convencer o deus a devolver sua mãezinha, já que ele não tinha roubado nada. A aventura é encontrar as três pérolas para retornar vivo de lá.
 
O roteiro é bem fechadinho. O tempo é divididinho , então nenhuma seqüência ou momento do filme fica cansativo. É meio bobão – com um vilão meio retardado e sem propósito no fim das contas – mas ainda assim bem coerente com a sua bobagem. E as aparições sucessivas de figuras mitológicas também são bastante legais, até porque os monstrengos são legais.
Agora, falando nisso, de novo ela tem um parágrafo todinho dela: três vivas para a Uma  Thurman! Ela está simplesmente maravilhosa! E ninguém seria uma Medusa mais charmosa e encantadora que ela. Para mim, é o ápice do filme. A melhor seqüência de aventura. Gosto do efeito das serpentes, gosto da cara de recalque para a filha da Atenas... Cada dia que passa eu me torno mais fã da Uma Thurman. Ela pode não ser a mais bonita (longe disso) mas é a mais poderosa das estrelas do cinema. Adoro!
 
Um adendo para a trilha sonora do filme: AC//DC, Lady Gaga e Ke$ha (oi???). Ri dessas coisas no cinema...
 
Então, só descobri depois que existem livros sobre isso, não vou ler, não vou pesquisar mais a respeito, não vou colocar no meu papel de parede, nem vou comprar o DVD. Mas passou na Tela Quente, meu querido, estouro a pipoquinha e vejo, dublado e com propaganda, fácil!

Em PDF

Vacaciones

Nunca tinha lido nada no computador. Nunca gostei. No máximo uma Superinteressante Especial Lost, mas só porque não rolou uma versão de papel de jeito nenhum. A única coisa que sempre tive muito saco para ler na tela foi blog. Talvez por isso Vacaciones tenha sido o primeiro livro que li fora do papel.
 
Talvez você saiba mais sobre livro e autora do que você suponha. Ana Paula Barbi é a Polly, do blog de celebridades Te Dou Um Dado? Que eu também sigo no twitter, porque ela é engraçada. Vacaciones é uma compilação dos blogs que ela teve em um momento muito doida da vida, onde ela aprontou tudo o que a sua mãe adoraria que você morresse sem aprontar.
 
O que mais me agradou foi o fato de em momento algum ela se fazer de vítima e nem tentar promover seu way of life nada convencional. Ela só conta como foi a vida dela, com defeitos e qualidades, lado A e lado B, e cada um faz com o conteúdo o que quiser.
 
Aí sim, estamos falando de um senso de humor que me agrada. Ela é muito engraçada. Muito mesmo. Adoro a maneira como os fatos são narrados e não me incomodo nem com a quantidade de sexo e palavrão, porque fica muito no contexto. E olha que eu sou meio chata com isso.
 
É uma leitura diferente, pelo menos para mim. Agora, se me permitem blasfemar (afinal de contas, eu vivo alertando que este é o MEU blog de Pitacos e eu acho o que quiser sem medo de ser feliz) se eu tivesse que comparar com algum livro seria com O Apanhador no Campo de Centeio, do J. D. Salinger e aí, minha gente, eu escolhia o Vacaciones facinho, facinho, hein...
 
Interessou? Clique aqui e aproveite!

Fazendo uma Patrícia Feliz

Caramuru - A Invenção do Brasil
Caramuru - A Invenção do Brasil
Brasil, 2001

Fazendo a mesma linha do post anterior (o do Sherlock) falo do Carumuru, filminho que tem muito do meu carinho justamente porque soma ingredientes que geralmente me fazem feliz. Resumindo a ópera: Selton Mello + Humor Pastelão + Lenine. Pronto, gente! Precisa de mais nada não, já consigo ser feliz.
 
Confesso que o Guel Arraes se repete muito: do elenco às piadas. Tirando Romance, né? Porque Romance é meio que um erro... 
Mas enfim, a repetição ainda não me incomodou porque eu achei engraçado. Caramuru é um filme que me faz rir. Da simplicidade indígena da Camila Pitanga e da Déborah Secco, da picaretagem do Selton Mello... E acho mesmo que o filme dá conta daquilo que o seu título sugere: a invenção do Brasil.
 
Gosto da forma como a brasilidade é tratada em Caramuru. Com muito carnaval, obrigada! Sei lá, eu não sou muito a favor de quem fala mal do povo brasileiro porque eu amo o povo brasileiro. Mas eu super acho que a mensagem final de tudo é que, por trás de todas as nossas trapalhadas (enquanto nação mesmo) tem um bom coração. E que talvez o nosso coração brasileiro é que meleque tudo mesmo. (seria mais ou menos, Yes, os políticos são uns imbecis mal intencionados e filhos da mãe que destroem o país que governam. Mas o povo brasileiro que colocou ele ali, aquele povo que assiste novela, comenta o Blog da Lu, liga para o BBB, esse povo despolitizado – Oi, eu sou o Gláuber Rocha – não ficou assim por malandragem, mas por um processo histórico que o criou dessa maneira).
 
Devaneios à parte, se você for azedo e não achar graça em nada, ainda pode só fechar o olho e curtir o som, porque a trilha de Caramuru é do Lenine e qualquer coisa que eu escrever agora é totalmente redundante, né?

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Parem as Máquinas!

Sherlock Holmes
Sherlock Holmes
EUA, 2009

Foi bom eu ter dado um tempo para escrever sobre este filme porque tipo, quero ódio do coração de ninguém não. Mas francamente, minha gente, não dá para ser feliz assim não, hein?

Então, quando eu comprei meu ingresso eu sabia que as chances de eu gostar seriam muito mínimas. Sherlock Holmes juntava tudo o que pode ter de mais certo quando o assunto é me desagradar: o Sherlock Holmes (que eu odeio muito) + ação e aventura (que não me faz falta) + seitas ocultistas (que já deu né, gente? Este é o terreno do Dan Brown ganhar dinheiro, bora respeitar o coleguinha?) + um senso de humor sagaz (nada me deixa mais assustada do que quando falam que o senso de humor é sagaz). Fui ver por causa do sucesso e porque as pessoas estavam gostando demais, aí eu tinha que ver nem que para falar mal. E preparem-se, porque é exatamente isso o que eu vou fazer!

Começando pelo Sherlock Holmes. Chato. Detesto o Robert Downey Jr. Não venha me falar que era essa a idéia, mas eu sempre sinto como se ele estivesse interpretando como se estivesse sendo ele mesmo, ou seja, como se prestigiasse a humanidade com a própria existência. Não nego que ele fez os exercícios físicos direitinho e, embora eu seja da tribo dos magrelos com muito orgulho, não nego que o shape do Sherlock até que estava bem interessante... Mas não me convenceu, assim como esse papinho de usar a inteligência para dar golpes marciais. Oi? Alguém ensina para esse povo aquele negócio dos tipos de inteligência, porque não deu!

O clima de ação e aventura também não fez meu tipo. Eu nunca vi nada do Guy Ritchie  embora ele tenha me sido muito bem recomendado por gente que eu respeito, é complicado respeitar o ex-marido da Madonna. Se ele tiver feito um filme com ela então... Achei as cenas de lutinhas (lutinhas! Chamarei eternamente de lutinhas) simplesmente pífias, normais e meeeega clichês. Todas elas. Do tipo que você consegue saber muito claramente o que vem depois. Ou seja, mais uma vez, infeliz...

Aí ainda tinha toda aquela vibe de culto ocultista e whiskas... oi? Eu acho que foi (por incrível que pareça) a forma encontrada para retornar ao universo do Sherlock, que tem essa característica de achar ciências em coisas que eram explicados por fantasmas (uma coisa que me irrita, pessoalmente, porque eu sempre achei o Sherlock meio aula de filosofia, mostrando que a racionalidade humana supera a treva de uma vida pautada pela crença, oi? Dá licença). Mas, de verdade, colocar umas coisas como sociedade secreta ajuda a desandar qualquer coisa. E no caso do Sherlock, foi o fim...

Minto, o fim é o “senso de humor”. Alguém me situa e diz: Não, Patrícia, aquele cachorrinho não foi colocado lá para você rir dele. Porque, se foi, lamento informar que não deu certo. Um cachorrinho cobaia, meu Brasil? Quer um escape cômico mais ultrapassado do que este? Nem a relação esquisita com o meu caro Watson (desculpa pai, desculpa Brasil, odeio dizer isso, mas o Jude Law pode ser um péssimo ator, ele tem direito. Bonito daquele tanto precisa de mais nada não...)

Ou seja, a mistura de ingredientes que eu não gosto resultou em um filme que... detestei! E digo mais, quando eu pensei: Céus! Tem como ficar pior? Acreditem, ficou! Ficou nojento. Dá para acreditar? Nojento... Era tudo o que eu precisava para odiar sem o menor remorso...

Mas sou obrigada a elogiar a estratégia de marketing do filme. Achei muito interessante. Porque se lançam um filme agora, que faria sucesso como fez, e lançam outro em, sei lá, 2 anos, o segundo seria rapidamente chamado de caça níquel. Para resolver isso, fizeram o dois antes do um. Ou seja, colocaram um vilão aleatório no primeiro para as pessoas se perguntares: Uai, cadê o Profº Moriarty? Tchanã! No próximo filme! Achei isso inteligente. Autorizou um dois (que Deus nos ajude...) com uma boa desculpa.

Os créditos, bem, dos créditos eu admito que gostei, mas que fique claro que os de Up são muito mais bonitos!



** Spoiler**
Ai gente, sério, aquele papinho de “Como o cara enganou um médico se fazendo de morto?” já seria tosco em qualquer lugar do mundo. Agora, na Inglaterra, onde as pessoas são alfabetizadas por Romeu e Julieta, aí foi tenso, né? Isso ser O mistério... Morro.

Cor de Laranja


Leite Derramado
Chico Buarque, 2009

Ler Leite Derramado me deixou com a impressão ainda mais forte de que o objetivo de Chico Buarque com Estorvo e Benjamim era escrever Budapeste. Não que Leite Derramado não seja bom, é, mas passa muito longe da genialidade do anterior.
 
A história de um ancião centenário que, na cama do hospital, relembra da glória à decadência de sua família de nome empobrecida com a queda do café. Uma história interessante que retrata bem um movimento social que foi forte no Brasil e que ajudou a configurar a sociedade contemporânea. Mas para que as coisas não sejam tão simples assim, a história é narrada pela cabeça centenária do protagonista que já não é mais das mais lúcidas... Esses lapsos de memória e a confusão mental conferem ao livro uma quebra de linearidade que – se não vira poesia que nem Budapeste – pelo menos dá um ritmo diferenciado para o livro.
 
De um modo geral eu gostei. Gostei muito até. Achei, por exemplo, a sacada do título maravilhosa (pode me chamar de bobilda) e a narrativa do Chico tem muita poesia. Só senti falta mesmo da caneta de gênio, daquela coisa meio Borges...
 
Porque enredo é uma coisa que não costuma me surpreender. Dificilmente eu amo um livro que me surpreende por aí. Sei lá, quando são surpreendentes e inovadores, eu dou um sorrisinho e só. Meu negócio está na forma. Não precisa nem inovar (não sei de onde tiraram essa de que inovar é o que há, mas tudo bem) se for poesia escorrendo na prosa, já valeu. Agora, se inova no formato, no jeito de contar, aí pra mim tá lindo. Aí até livro que vira Best-seller e tem tudo para ganhar minha antipatia, me cativa (beijos, Menina que roubava livros). Chico vinha me pegando pela forma maluca. Em Leite Derramado, ficou só a poesia. Não tá ruim, mas depois de Budapeste, digamos que eu fiquei querendo mais...

Pra não dizer que eu não falei de Up

Up - Altas Aventuras
Up
EUA, 2009

Quando eu vi Up pela primeira vez eu tive certeza de que iria repetir a dose pelo menos mais umas mil vezes. Foi muito, muito amor. Chorei que nem uma retardada mental e até escrevi um post emocionado no Placebo em homenagem.
Mas aí teve aquilo de chorar, e eu chorei muito. Muito mesmo, de verdade. Coloco Up no top dos filmes que eu choro vendo. Aí desencanei dessa de assistir trezentas vezes porque eu estava numa vibe muito positiva.
Mas agora que não resisti e revi, posso falar dele por aqui. Fiquei louca para ver de novo quando saíram as indicações ao Oscar e eu achei uma delícia ver Up em tantas categorias. Trilha sonora é linda! Eu sei que eu não conto, mas por mim, levava Melhor Filme porque daquela lista lá, eu só gostei mesmo foi de Bastardos inglórios, mas sou mais Up.
Tá, não vim aqui falar de Oscar. Vim falar de um longa de animação que é pura poesia. As cores de Up me lembraram muito as cores da Rússia: por mais colorido que sejam, é um colorido frio, pálido, esbranquiçado. Up é uma poesia triste. A casinha voando pelos ares carregada por balões é poesia e só. Surpreendente.
O filme tem uma pequenina mancha no roteiro. (por isso eu ainda digo que Procurando Nemo é a melhor animação de todos os tempos, porque é perfeito) Na verdade, dá pra entender o que a manchinha está fazendo lá. A Pixar ainda tem uma ligação muito forte com o público infantil e nada em Up remete muito ao universo das crianças. É uma história triste e densa, muito densa (vocês entendem? Falar de FRUSTRAÇÃO não é uma vibe muito McLanche Feliz, pelo menos eu não acho) para ser palatável para os pequenos. Aí, para não romper totalmente com o público, vieram os cachorros que falam... Para o público adulto, que se desmanchou com a beleza fria, soa como um deslocamento inexplicável, quase um “que merda é essas?”. Para as crianças, aquilo ali é a diversão, é daquilo que elas vão rir e é aquilo que diz do mundo que elas concebem quando vão ao cinema assistir a um desenho. Então, Up está perdoado!
Ah, e só para constar, falou-se muito (pelo menos no meu círculo de amigos) sobre como os créditos de Sherlock Holmes são bonitos. Ahã, concordo. Mas os de Up dão uma surra, simples assim.




*** Spoiler! ***

Só de curiosidade: claro que eu chorei quando a vida do Sr. Karl é contada naquela cena que é TOP NA HISTÓRIA DO CINEMA, mas eu chorei de com força foi quando os balões saíram por todos os lados e a casa saiu voando, quando o Sr. Karl começa a jogas as coisas pela janela, enquanto eles brincavam de acertar a cor do carro e nos créditos. Muito muito mesmo, nos créditos.






sábado, 6 de fevereiro de 2010

Mais Nine

 Nine
Nine
EUA, 2009

Eu não diria que Nine é um filme chato. Aliás, talvez seja a última coisa que ele seja. Mas não existem só "chato" e "bom" para se designar um filme, então temos que procurar um outro adjetivo porque, definitivamente, nenhum dos dois se aplica. Vamos por partes, para facilitar um pouco a vida.
Nine não tem absolutamente nada de novo. Isso já pesa muito como um contra. O personagem principal, Guido Contini é de fato um picareta cativante. Mas é exatamente igual a todos os picaretas cativantes de que o cinema já se ocupou: inteligente, desconfortável com a badalação da própria vida, fumante, ansioso, mulherengo e dependente de um tipo de assistente (normalmente mulher e não surpreendentemente a  Judi Dench) que serve de conexão entre o lunático apaixonante e o mundo real que espera muito dele. Guido é só mais um.

Os números musicais são visualmente bonitos - como todo o filme, sejamos justos. Gostei de figurino, maquiagem, fotografia, achei tudo muito bem acabado e tudo muito grandioso e não barango (e com uma vibe bem Chicago... originalidade not, novamente). Mas o grande problema desses números estão exatamente onde seria mais inaceitável estar: nas músicas! Não me incomoda, pessoalmente, o fato de as músicas virem segregadas da cena, ou seja, o personagem estar em um lugar e aparecer todo serelepe e cantante em outro. Em Nine, as canções como expressão interior até me agradaram. Os ritmos, apesar de nada originais, são até gostosos mas as letras... As letras são simplesmente terríveis. Bobas, rasas, nada melodiosas. Você não sai do cinema com vontade de baixar a trilha. E se tirar o brilho das cenas que elas embalam, ficaria insuportável sequer ouvi-las. Quer dizer, complicado se afeiçoar a um musical de músicas ruins.
Mas Nine tem seus trunfos. Talvez o elenco feminino mais fabuloso que já foi reunido para um mesmo filme. Todas elas fadadas a interpretar um tipo bem clichê, mas de novo aqui, é preciso ir por partes.
Já abro dizendo que encarei a presença de Fergie com muito ressabio e me surpreendi. Nada foi exigido dela, só que cantasse e fosse sensual - e é assim que ela ganha a vida - mas a personagem dela, uma personagem super pequena, foi o tipo feito da forma mais original e seu número musical é o mais agradável. Talvez por ser o mais bonito e mais coreografado, ou seja, o que desvia mais a atenção para a ruindade musical da coisa toda. Kate Hudson, que o meu amigo Pedro Célio descreveu como "um sopro do pop americano em um filme com cara de cinema italiano" fez axatamente isso. Foi um escape pop que eu chamaria de desnecessário se não fosse a Kate Hudson (Ah, minha amada Penny Lane). Os minutos a mais que se passa sentado em frente à tela para ver a personagem - completamente inútil ao enredo -  não fazem mal à ninguém.
A primeira vez que vi a Marion Cotillard foi em Peixe Grande, fazendo uma personagem pequena e absolutamente normal (era a nora do protagonista Edward Bloom) passível de ser soterrada pelas histórias maravilhosas. Mas ela consegue ser tão cativante e tão apaixonante que é uma das primeiras coisas que me lembro se penso nesse filme (Que amo!). Não vi Piaf mas gostei de reencontrá-la no (decepcionante) Inimigos Públicos. Agora, em Nine, ela brilha. Luisa Contini é uma personagem feita para que todos nós a amemos e  Marion Cotillard se faz amar em trinta segundos. Mão e luva. Seu primeiro número musical, onde ela revela resignação ao amor poderia ter sido uma cena histórica. Não é, no entanto. A idéia da música (Pessoas que somos e deixamos de ser) é realmente muito boa. Mas só a idéia. E mais para frente, quando Marion reaparece cantando, se alguém ali sentiu a alma lavada à escovão, este alguém, definitivamente, não fui eu.
Penélope Cruz estava perfeita, de novo. Mais uma vez digna de Oscar e louros por sua beleza e talento que amadureceram (eu não gostava dela nem um pouquinho) mas se eu tivesse que dizer alguma coisa para ela neste momento seria: Cuidado! Carla, sua personagem, é uma válvula cômica de um humor deliciosamente inocente e quase simplista. O que fica ainda mais interessante em uma personagem extremamente sensual e bastante louca e inconsequente. Resumindo: Carla é Maria Elena, de Vick Cristina Barcelona. Mais um contra para Nine.
E não foi com surpresa que, em um filme onde a eterna diva Sophia Loren, linda, elegante e superior como sempre (interpretando praticamente uma deusa, e é desse tipo de clichê que estou falando) o grande destaque tenha sido, na minha opinião, para Nicole Kidman.
A personagem de Nicole aparece pouco, é mais uma presença do que está presente. Mais um fim do que um meio. Claudia Jenssen é a musa do Maestro Contini e protagoniza a melhor cena do filme. Aliás, a única que realmente me deixou encantada. E não teve botox, não teve idade, não teve nada que impedice Nicole de ser a mulher mais linda do mundo mostrando sua qualidade como atriz que já estrelou o melhor musical da história (Moulin Rouge é perfeito, ok). Não teve letra ruim, não teve falta de confetes (o número musical é o mais sóbrio de todos) que a impedice ser estonteante. Em uma constelação de promessas, de modismos, e até de juventude, Nicole foi a estrela mais brilhante.
Entretida no cinema, teria dito assim que terminou: É melhor que Chicago... mas aí veio o final. Sabe quando você acha que o filme acabou e descobre que tem mais? Se tivesse acabado quando eu achei que acabaria, estaria tudo bem. Mas aí vieram uns 15 minutos a mais e aí fica difícil ser sincero dizendo que gostou de Nine. O final simplesmente me ofendeu. Nunca vi uma coisa mais desnecessária, foi como explicar uma piada. Uma pena. A ideia é até boa (meio machista, mas o filme é italiano demais para não o ser) mas boa. Só que a forma que foi desenvolvida menospreza a inteligência de quem já estava ali dedicando seu tempo ao show.
Escrevi feito uma torneira porque não sei falar de Nine nada conclusivo. Aliás, minto, posso ser absolutamente taxativa pra falar


Que o trailer é brilhante!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Quem disse que nada é perfeito?

Do Lado Esquerdo de Quem Sobe
Dança de Salão

Não sou muito rata de Campanha de Popularização do Teatro não. Tenho até certa preguiça muito grande. Acho teatro uma coisa pouco logística e que quase nunca me satisfaz. Para ver comédia, não me abalo, nem Stand Up, porque é muito difícil eu rir de coisas feitas para serem engraçadas.
 
Mas acabei me surpreendendo com o fato de eu gostar tanto de dança. Desconfiava disso desde que gostei mais do Corpo que do Galpão, depois de assistir as apresentações de ambos no gramado da Reitoria da UFMG.
 
E nesta campanha o único espetáculo que me tirou de casa até agora foi “Do lado esquerdo de quem sobe”, da Mimulus. E foi, na plenitude da palavra, um espetáculo.
 
Começando pela música: perfeita! Choros, sambas e uma trilha de seresta maravilhosa. Flautas, cavaquinhos encantadores. Pela música já valia a pena. No quesito magia, também teria que dar nota 10. Cenário, figurino, iluminação, tudo simplesmente impecável. Nem a duração peca. Acaba no exato momento que tem que acabar. Não deu tempo de cansar e não existe mais expectativa do que tem para ser feito.
 
Até porque, quando termina, já foi feito de tudo! E além de tudo, conseguindo ser divertida e até mesmo interativa. Um espetáculo irrepreensível!

Força de Vontade

Forças do Destino
Forces of Nature
EUA, 2009

Engraçado com estes filmes são todos iguais. Não sou muito de caçar as bruxas das comédias românticas não. Ao contrário, acho um gênero super válido. Mas esta aqui, apesar de Sr igualzinha a todas as outras, só vai se diferir quando for em coisa ruim.
Eu poderia parar isso aqui falando em Sandra Bullock e Bem Affleck. Ele é lindo, ela nem isso. Apesar de eu ser uma apaixoanda por Enquanto você dormia, e adorar a personagem dela e tals, não dá. Não é uma atriz que me deixe mais feliz por estar em um filme. E o Bem Affleck é de uma incopetência lamentável...
Um enredo cheio de desventuras em série e um final sensato. Ponto. Só isso. Não melhora seu dia, mas também não te deixa com raiva da humanidade.

Em Sépia

Budapeste
Chico Buarque, 2003

Depois de ler Budapeste, a sensação que eu tenho (e que lota meu coração de felicidade!) é que o Chico Buarque precisou de dois livros para chegar até ele. Budapeste faz Estorvo e Benjamim parecerem degraus. Se o primeiro era sombrio ao ponto de ser até meio indigesto e o segundo era todo de angústia, Budapeste consegue somar os dois e iluminar tudo em sépia.
 
Uma crítica que aparece na orelha do livro diz que, no exato instante em termina, o livro vira poesia. Vira. Impressionante ver a transformação assim, nas mãos. No fim das contas, a lógica ali era a poesia e tudo faz sentido.
 
Escrever sobre um ghost-writer também não deixa de ser uma metalinguagem bem interessante. E um tanto quanto despudorada, porque fico pensando nas pessoas pensando se isso realmente acontece. Acontece...
Budapeste encanta pelo diferente. Pelo diferente da história, da forma de narrar, do que será narrado. Budapeste encanta por surpreender na forma e no conteúdo.
 
Recomendadíssimo!

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Uma história de amzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz


Amor Sem Escalas
Up in the Air
EUA, 2009

Zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzze fim!

Assim dava para falar tudo o que eu penso sobre esta comédia romântica que nasceu pra virar um clássico. Oi? Se eu tivesse visto na Sessão da Tarde teria mudado de canal e ido ver Sem Censura. Se fosse Tela Quente, ia dormir. Sério.
O filme não tem absolutamente nada! (Tá, o George Clooney. Receio que eu goste dele em qualquer papel...) Não é bonitinho, não pe engraçado, não tem uma trilha sonora que vale a pena (apesar da vibe até tentar ser meio Cameron Crow) e tem muita, mas muita chatice mesmo! Um tédio...

Não sei se ele é pior quando o personagem de Clooney [um cara que vive de demitir pessoas (oi?) e de fazer uma palestra onde ele enina aquilo que Up demonstra com a maior poesia] está tentando provar que a vida é exatamente como ela é ou se fica ainda mais chato quando é a vida que quer mentirosamente convencer o cara do contrário. Lama! E ainda pior: lma pretensiosa!

Uma coisa que me irrita neste tipo de filme é a explícita condenação ao um way of life que o cinema, o puratanismo e sem lá mais quem faz de um tudo para provar que está errado. Puxa aí pela memória, quantos filmes mostram um workaholic insensível descobrindo que o amor é o mais importante no fim das contas? Parece que ninguém é feliz chutando o amor, não tendo filhos, não tendo um lar para passar o natal. Sério, acreditem, existe gente que é feliz assim mesmo. Desse jeitinho. Ok, eu tenho filmes super assim, mas que eu gosto (Prazer, meu nome é Patrícia e todo natal eu vejo Um Homem de Família) mas este não foi o caso.

Muito blábláblá. E fiquei imaginando as pessoas que militam contra este way of life sorrindo e abanando a cabecinha na hora do parênteses. Aliás, gostei da expressão: Parênteses. Super vou usar daqui pra frente, como um suvenir de uma daquelas viagens que a gente odeia, para ficar na vibe do filme.


Considerações:
:  :  Pringles de Páprica: não se deixem enganar! Quem estiver esperando um sabor forte e picante, desista.

:  : Nine! Ainda vou demorar um cadinho pra ver, porque tenho que ver Avatar e Sherlock ainda (ahã, não vi) mas já estou ansiosa e achando quase impossível um elenco que tem Nicole, Penélope e a minha fofa a amada Marion Cotillard não me agradar. Ainda mais que eu tenho certeza que não vai ter nenhum Richard Gere sapateando na minha tela...

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Cheiro de menta de pipoca





Lisbela e o Prisioneiro
Lisbela e o Prisioneiro
Brasil, 2003

Para falar de Lisbela e o Prisioneiro, por mais que eu tente evitar, acabo recorrendo ao derretimento. Amo muito. Não sou a maior fã de comédias, pelo contrário, se é este gênero de filme, assim, puro, eu raramente elejo para assistir. Das comédias românticas eu gosto mais, mas quando são mais românticas do que comédia e fico bem alegre se tem uma pitada (Uma PITADA, ouviu Click?) de drama.

Agora, se for para rir, que seja do Guel Arraes. Ok, acho que ele fez quatro filmes muito parecidos, que Lisbela foi o auge e que Romance começa a denunciar a queda. Mas ainda digo que em matéria de comédia, ainda fico com O Auto da Compadecida e Caramuru e largo para lá comédias gringas.

Como já disse, Lisbela, para mim, é auge! Já começa bem: você junta o fenomenal e pote de talento Selton Melo (me admira ele não ser da família Buarque de Hollanda) com a lindeza da Débora Falabella e o maravilhoso Marco Nanine. Aí vem o do humor do Guel Arraes contando uma história que é linda. O resultado é um filme nacional que na minha lista de predileções só seria superado mais pra frente, por A Dona da História, do Daniel Filho.

Trata-se da historia de uma mocinha sonhadora que, às vésperas de seu casamento com um moço metido a moderno estudado no Rio de Janeiro, se apaixona pelo vigarista Leléu. Leléu, entretanto, está na mira do pistoleiro Frederico Evandro, disposto a matar o trambiqueiro por ter lhe seduzido a mulher.
A trilha sonora é muito gostosa. Comandada por Caetano Veloso, passa por Elza Soares e passa por clássicos nordestinos. É bem interessante. E também daria estrelinhas para a participação da bela Virginia Cavendish que interpreta uma personagem, Inaura, que eu acredito que toda mulher carrega dentro de si, variando só a maneira como uma e outra conseguem extravasar ou conter. Mas isso já são teorias de Patrícia...

Quando acaba, dá vontade de passar o dia todo cantando que o amor é filme. E dá vontade escrever em algum lugar uma fala de Leléu: “E desde então foi assim, vivo me perdendo atrás de tudo o que é bonito” ou da Inaura: “Me ame por amor a ela”.